A Rede Sustentabilidade corre contra o tempo em Minas Gerais para poder participar das eleições do ano que vem, quando serão escolhidos prefeitos e vereadores. Já com representação em 200 das 853 cidades mineiras e cerca de 1,3 mil integrantes no estado, o mais novo partido criado no Brasil precisa regularizar sua situação até a semana que vem, registrando os diretórios nos municípios e os seus integrantes. É que no dia 2 vence o prazo para filiação de quem pretende participar da disputa eleitoral. Caso a presidente Dilma Rousseff sancione a redução pela metade do prazo (seis meses) de filiação aprovado pela reforma política, o partido pode ganhar um fôlego. No Brasil, a Rede já tem diretórios em 17 estados e aproximadamente 8 mil integrantes. O novo partido é o 34º oficialmente registrado no país e o sétimo surgido nos últimos quatro anos.
A porta-voz da legenda no estado, Carla Queiroz, disse que a prioridade do partido agora é estruturar a legenda nos municípios, principalmente na capital e nas cidades polos. “A Rede é um partido diferente, que não é focado apenas nos resultados eleitorais, mas a disputa de 2016 é muito importante para a gente fazer o nosso debate na sociedade e mostrarmos nossa cara”, afirma a porta-voz. Segundo ela, a legenda pretende disputar as eleições na capital, mas garante que ainda não há nenhum nome acertado. “Estamos dialogando com nossos militantes e com os movimentos sociais em busca de um nome. Não queremos nenhum figurão, ninguém que já tenha status político consolidado. Queremos debater nosso programa e as demandas da sociedade primeiro para depois encontrar alguém que carregue nossas bandeiras”, garante.
Nas eleições passadas, aliada ao PSB e sem registro na Justiça Eleitoral, a Rede chegou a cogitar a possibilidade de lançar o nome do médico e ambientalista Apolo Heringer para o governo do estado, mas houve pressão do comando nacional e da então candidata a presidente Marina Silva, e o indicado acabou sendo o ex-prefeito de Juiz de Fora Tarcísio Delgado. Essa decisão acabou forçando a saída de Apolo, que agora é pressionado por integrantes da Rede para voltar ao partido e ser o candidato a prefeito em BH.
O coordenador nacional de Organização Partidária da Rede, Pedro Ivo Batista, disse que a legenda tem pouco tempo para se estruturar para a disputa, já que conseguiu o registro apenas anteontem, nove meses antes do início oficial das eleições, mas mesmo assim não vai aceitar filiações apenas para garantir a participação no pleito. “Ninguém está vindo para a Rede para participar de eleição. Quem está se filiando é porque acredita na nossa proposta de fazer política de um novo jeito”, assegura. Também não há, segundo ele, garantia de que a legenda terá para a disputa do ano que vem tempo no horário eleitoral gratuito e recursos do Fundo Partidário. Para isso, segundo ele, é preciso que a legenda tenha representantes na Câmara dos Deputados.
Estrutura
A Rede não tem presidente em nenhuma das instâncias partidárias. A legenda tem dois porta-vozes, que falam oficialmente em nome do partido – sempre um homem e uma mulher –, e o comando é horizontal e feito de maneira colegiada. Além deles, a legenda tem coordenadores de organização política, de finanças, de comunicação e de formação. A filiação também é feita de maneira diferente do que ocorre em outras legendas. Para se filiar, é preciso que o interessado seja abonado por um integrante da legenda. Depois dessa fase é aberto um prazo para que outros militantes impugnem a filiação. Caso a adesão à legenda seja aceita, há ainda um processo de entrevistas para que o interessado em se filiar à Rede seja conhecido pelas instâncias de direção. Só depois desse procedimento a entrada no partido está garantida.
Raio-X da Rede
Diretórios em 17 estados
Cerca de 8 mil filiados, ainda sem registro
Diretórios em Minas: 200
Filiados em Minas: 1.300