Previsto para ir ao ar na noite desta quinta-feira, em cadeia nacional de rádio e TV, o programa partidário do PMDB foi montado com base na polêmica frase do vice-presidente da República, Michel Temer, de que "é preciso alguém para reunificar o país".
A partir da declaração, proferida no último mês de agosto, num momento de avanço da crise política e econômica, Temer passou a ser isolado por integrantes da cúpula do Palácio do Planalto das principais decisões do governo, o que culminou na sua saída da articulação política. "Esse programa foi brifado naquele momento, com aquela frase. Mas tem que ser dito que não é um programa de oposição ou de governo, é da atual situação do país", afirmou para a reportagem o marqueteiro do PMDB, Elsinho Mouco.
O programa tem 10 minutos e conta com a participação de 50 integrantes do partido. Inicialmente, eles compõem um mosaico que forma uma imagem final com o rosto de Michel Temer, o primeiro a falar. "A ideia do jogo de imagens é mostrar que o vice-presidente, Michel Temer, está prestigiado internamente, está protegido e que ele busca a união", ressaltou Mouco.
Leia Mais
Temer: é preciso 'dar tempo ao tempo' para PMDB chegar a acordo sobre reformaDilma apela a Temer para salvar pacote de reforma ministerial Dilma convoca Temer para reunião no Palácio da AlvoradaTemer participa de convenção para reeleger Antônio Andrade como presidente do PMDB em MinasEm meio à polêmica de criação de partido, Temer e Cunha encontram-se com KassabPMDB mostra as garras e se contrapõe ao governo Dilma em programa partidárioEm sua fala inicial, Temer ressalta o período de dificuldades que o Brasil enfrenta. "O Brasil passa por um período difícil na economia assim como por dificuldades políticas. Todas superáveis. É imprescindível unir forças, colocar o Brasil acima de qualquer interesse partidário ou motivações pessoais.
No vídeo, integrantes do PMDB também criticam de forma indireta o não cumprimento de promessas realizadas durante a campanha da presidente Dilma Rousseff à reeleição e se colocam como uma alternativa. "Posso garantir que existe muita gente capaz e pronta para entregar o Brasil que foi prometido a você", afirma o vice-governador de Pernambuco, Raul Henry.
O reforço de que o PMDB é o caminho para a saída da crise também é feito pelo governador de Rondônia, Confúcio Moura. "Ninguém mais do que o PMDB tem representatividade em todo o País para unir forças e acertar as contas com a verdade e vencer essa crise", afirma.
"É feito um reforço de que o partido é uma alternativa para a crise, mas em nenhum momento as declarações têm alguma relação com impeachment", justificou o marqueteiro Elsinho Mouco.
Há recados também contrários às propostas do novo ajuste fiscal encaminhado pela equipe econômica nos últimos dias ao Congresso. Entre as medidas anunciadas, para reforçar o caixa da União, está a recriação da CPMF. "A solução não está na criação de mais impostos para tapar buracos no Orçamento", diz o deputado federal Lúcio Vieira Lima (BA). Já o vice-presidente do PMDB, senador Valdir Raupp (RR), usa uma expressão que foi cunhada pelo presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf.
Embora haja integrantes do partido investigados na Operação Lava Jato, também foram inseridas no script declarações em favor do combate à corrupção. "Os escândalos protagonizados por aqueles que desafiam as leis e as instituições não espelham o comportamento e o caráter de milhões de brasileiros", ressalta o senador Roberto Requião (PR)..