Brasília, 24 - O líder do PT na Câmara, Sibá Machado, expôs em uma reunião na noite da última quarta-feira, 23, a insatisfação de petistas com os ministros Aloizio Mercadante (Casa Civil) e José Eduardo Cardozo (Justiça) e com a política econômica de Joaquim Levy (Fazenda). Segundo aliados que participaram do encontro, Sibá chegou a afirmar que parte da legenda defende a saída de Mercadante e Cardozo. Sibá nega. "Nunca falei que tem um grupo que defende o afastamento. O que existe, e sempre falei isso, são integrantes do PT descontentes. Isso é verdade", afirmou.
Participaram da conversa, que aconteceu na liderança do PT na Câmara e foi convocada de última hora, os líderes partidários Jandira Feghali (PC do B-RJ), Jovair Arantes (PTB-GO), Domingos Neto (Pros-CE), Rogério Rosso (PSD-DF) e Maurício Quintella Lessa (PR-AL).
No encontro, Sibá ainda sugeriu que os líderes tivessem com a presidente Dilma Rousseff uma conversa "franca" sobre o clima de impeachment na Casa e a reforma ministerial. Ao defender a saída dos ministros petistas da Justiça e da Casa Civil, Sibá ouviu a recusa de alguns líderes, que disseram que seus partidos não apoiariam a ideia. "Foi um desabafo inteligente para ver se conseguia apoio dentro da base", disse um dos deputados.
Quintella Lessa afirmou que o intuito da reunião não foi debater a eventual saída dos ministros. "Jamais houve conversa com esse propósito. Sibá ligou, manifestou preocupação com a própria base, sugeriu visita à presidente para discutir a reforma", afirmou.
Sibá defendeu-se afirmando que não há conspiração e que ele tem a responsabilidade de ajudar o governo. "Por conta do clima que está, parece que qualquer reunião é porque a gente está conspirando", disse. "Tenho responsabilidade de ajudar a cuidar do governo pagando o preço que for, como sempre fiz".
Sibá disse ainda que a questão da "dança das cadeiras" ministerial é uma decisão apenas da presidente Dilma. "Quando fala de dança de cadeiras é com ela. Para dizer que tem que entrar fulano ou sair sicrano tem que ter responsabilidade. Isso é de foro íntimo da presidente", disse.
O líder do PT reconheceu que há reclamações em relação à postura de alguns ministros, mas fez questão de defender e se dizer "guardião" de Mercadante. "Respeito o Mercadante e ele sabe que sou o guardião dele aqui", afirmou. "O Mercadante pode ter o defeito que tiver, mas eu tenho um respeito do tamanho do mundo por ele".