Em meio à negociação por ministérios, o PMDB usou ontem o seu programa partidário, que foi ao ar em rede nacional de TV, para criticar a situação que o Brasil vive e dizer que a sociedade está cansada de pagar a conta da crise. Como se não fizessem parte da base aliada da presidente Dilma Rousseff, caciques do partido deram breves e incisivos depoimentos condenando a condução do país e pregando mudanças. O tom nada amistoso ao governo começou logo na primeira parte do programa de 10 minutos, quando a apresentadora, vestida de preto num cenário sombrio, faz um resumo do que acontece atualmente: “O Brasil enfrenta uma crise econômica que resulta em recessão e desemprego. Uma crise política que retarda uma mudança desse cenário. Os efeitos dessa combinação? Uma sociedade angustiada e cansada de sempre pagar a conta, pessimista diante do nó que não se desfaz. É hora de deixar estrelismos de lado”, disse, numa referência explícita ao símbolo do PT. “É hora de virar o jogo. É hora de reunificarmos o país”, concluiu a apresentadora, empregando palavras idênticas às do vice-presidente Michel Temer em agosto.
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Impasse com o PMDB leva Planalto a adiar anúncio da reforma ministerial Programa do PMDB tem como base frase polêmica de Temer sobre reunificar o PaísDilma chega a Nova York e tem como 1º compromisso discurso do papa na ONUO presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (RJ), que atravessa uma fase mais light de ataques ao governo depois das denúncias de seu envolvimento no esquema da Lava-Jato, falou no programa logo depois de Renan. Não criticou abertamente o Palácio do Planalto, mas falou em fazer escolhas. “Democracia é isso. É nisso que eu acredito. Chegou a hora da verdade. Chegou a hora de escolher que Brasil queremos”, disse.
O programa também fez fortes críticas à criação de novos impostos. “Um Brasil que se dizia tão gentil com seus filhos de repente resolve cobrar a conta. Isso dói”, diz a apresentadora em determinado momento.
No encerramento do programa, antes das palavras finais de Temer, a apresentadora ainda enfatizou o “desejo” do PMDB por transformações no país: “O Brasil quer mudar, o Brasil deve mudar, o Brasil vai mudar”.
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