O governo articula com ministros do Tribunal de Contas da União (TCU) considerados próximos ao Planalto uma estratégia para protelar o envio de parecer sobre as contas de 2014 e as "pedaladas fiscais" ao Congresso. Em caso de rejeição do balanço, o que poderia precipitar um processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff no Legislativo, a estratégia deve ser um inédito pedido de recurso junto à corte.
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Cardozo manda PF apurar ameaças a relator de contas da Dilma no TCUGilmar Mendes diz que análise de contas eleitorais no TSE era um "faz de contas"Como as contas do governo nunca foram rejeitadas, o que é uma possibilidade real este ano, o parecer jamais foi questionado. O TCU, por isso, não fixou entendimento sobre admitir ou não recursos nesses casos, tampouco quais tipos de recurso. Na reunião de anteontem, a possibilidade de contestação foi aventada pelo ministro Benjamin Zymler.
A questão é polêmica porque a sessão que aprecia as contas não é um julgamento formal, no qual se emite uma decisão. Nela, os ministros apenas acordam uma opinião, pela aprovação ou reprovação do balanço, que será enviada ao Congresso. A tarefa de julgar as contas, seguindo ou não a recomendação da corte, é dos deputados e senadores.
Legalidade
O advogado-geral da União (AGU), Luís Inácio Adams, disse "não ter pensado" sobre o expediente, mas admitiu que ele pode ser usado, com base na Constituição, citando o ponto da lei que prevê o mecanismo.
Mesmo que o TCU não admita recursos do governo, só a discussão sobre eles tem potencial para arrastar o processo. O tribunal informou ontem que "não há precedente" a respeito: "A situação ainda não foi enfrentada e, caso venha a ocorrer, será devidamente analisada". Em nota, Zymler informou que não pode se manifestar publicamente, pois o processo ainda está em andamento. O TCU apontou 15 irregularidades nas contas de 2014, entre elas as "pedaladas fiscais".
Adams reiterou sua expectativa de que a apreciação no TCU, prevista para outubro, seja "técnica", e não política.
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