Depois de 34 anos filiada ao Partido dos Trabalhadores, a senadora Marta Suplicy já tem oficialmente uma nova legenda: o PMDB. A senadora – que já foi também deputada, prefeita e ministra pelo PT –, se filiou nesse sábado à legenda durante cerimônia na capital paulista com a presença do vice-presidente Michel Temer (SP) e dos presidentes do Senado, Renan Calheiros (RJ), e da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (RJ) e sob gritos de “um, dois, três, quatro, cinco mil, Marta e Michel para São Paulo e para o Brasil”. Durante o evento, os peemedebistas defenderam que o partido tenha, em 2016, candidato próprio à Prefeitura de São Paulo, onde faz parte do governo do petista Fernando Haddad, e ao Palácio do Planalto em 2018. Em seu discurso, Marta afirmou que quer ver o país livre da corrupção e de quem usa a política com objetivos pessoais. Disse estar honrada em ingressar no partido de Michel Temer, que, segundo ela, vai reunificar o país. “A gente quer um Brasil livre da corrupção (…) Michel, conte comigo para reunificar os sonhos, o país. Vamos todos unir o país”, disse Marta, que também não poupou elogios a Eduardo Cunha, principal desafeto do governo dentro do partido. De acordo com ela, o presidente da Câmara é um líder focado e determinado.
“Diante de relações conflituosas, sem a menor perspectiva de melhora, e que fere os nossos princípios, o melhor caminho a tomar, por mais doído que seja, é o rompimento”, disse Marta, se referindo à sua saída do PT, causada em grande parte por divergências em relação à disputa pela prefeitura da capital paulista, em 2012 – a senadora pleiteava ser a candidata, mas o escolhido foi Haddad, que contou com o aval do ex-presidente Lula. “Sinto que caibo aqui”, disse Marta. Ela ainda elogiou cada um dos líderes à mesa, bem como o ex-presidente José Sarney, que não estava no evento, a quem chamou de “gigante da política”.
Cunha também discursou e voltou a defender o rompimento com o PT e sugeriu que o partido siga o exemplo de Marta. “O PMDB tem de ter candidato a presidente da República. Não podemos mais ir a reboque de quem quer que seja. Time que não joga não tem torcida. Chega de usar o PMDB como parte de um processo para dar cobertura congressual para aquilo que a gente não participou. Que o PMDB siga seu exemplo, vamos largar o PT”, disse Cunha.
Marta é uma das pré-candidatas à Prefeitura de São Paulo pelo PMDB ao lado do presidente da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf. Também estava presente no ato de filiação o secretário municipal de Educação, Gabriel Chalita, presidente do PMDB paulistano, que defende uma aliança com Haddad nas eleições do ano que vem.
Temer não quis dar entrevistas, mas disse, durante seu discurso, que o ingresso da senadora deixou seu partido “maior ainda”. “O PMDB é partido aberto. Abrimos as portas para todos que querem colaborar com o país. O PMDB vai fazer muito pela Marta, mas você vai fazer mais pelo partido”, ressaltou Temer. Ele disse ainda que o PMDB é um partido de divergência, mas que há momentos de convergências. “Nós convergimos quando o assunto é o Brasil”, concluiu. O ato contou ainda com a participação do ministro da Ciência e Tecnologia, Aldo Rebelo (PCdoB). “Somos aliados do PMDB”, disse Aldo, em meio à defesa de rompimento com o PT nas próximas eleições.
A entrada de Marta na legenda dividiu os seguidores da senadora nas redes sociais. Em sua página no Facebook, ela foi elogiada, mas também muito criticada pela mudança. Em ato ontem, na Praça da Sé, na capital paulista, o presidente do PT em São Paulo, Emídio de Souza, atacou a troca de legenda e disse que a senadora está “cuspindo no prato que comeu”. “Marta se aliou às ideias dos golpistas. Ela devia ter dignidade e respeitar os milhares de militantes que votaram nela. Marta está cuspindo no prato que comeu”, afirmou Souza. (Com agências)