De volta dos Estados Unidos amanhã, a presidente Dilma Rousseff tem pela frente os imbróglios da reforma ministerial e a votação das pautas-bomba que ainda não foram apreciadas pelo Congresso Nacional. Ontem, após discursar em reunião na Organização das Nações Unidas (ONU) com líderes mundiais sobre igualdade de gênero, a presidente não quis falar sobre as mudanças em seu ministério. “Não vou responder nada que seja de mudanças da minha reforma administrativa”, afirmou Dilma, que tem evitado tratar de questões de política interna durante sua viagem aos Estados Unidos, que termina hoje.
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Pauta-bomba
Além de montar o quebra-cabeça da reforma da Esplanada, para tentar garantir coesão em sua base no Congresso, a presidente tem de articular a manutenção de vetos a projetos que aumentam as despesas do governo.Renan Calheiros, marcou para quarta-feira a sessão conjunta das duas casas legislativas que vai apreciar esses vetos. Na semana passada, em sessão que varou madrugada afora, deputados e senadores decidiram manter 26 vetos, que, caso fossem derrubados, aumentariam as despesas do governo em R$ 128 bilhões. Deixaram para esta semana outros seis. Parlamentares dizem acreditar que a presidente poderá esperar o resultado da sessão conjunta para apresentar a nova configuração da Esplanada. A estratégia seria uma forma de não contaminar a votação dos vetos e dar margem a uma eventual derrota do governo.
Os dois vetos que mais preocupam o Planalto podem significar acréscimo de até R$ 45,2 bilhões nas despesas do governo caso sejam derrubados. O mais polêmico é o que reajusta em até 78,56% os salários dos servidores do Poder Judiciário.
Também está na pauta o veto que atrela os benefícios do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) aos aumentos anuais do salário mínimo. Ao sancionar a Lei 13.152/2015, que estende até 2019 a atual política de valorização do mínimo, Dilma vetou a extensão da fórmula de correção do mínimo às aposentadorias e pensões. Com isso, os segurados que recebem mais de um mínimo terão seus vencimentos corrigidos apenas pela inflação, sem ganho real. O impacto desse aumento é estimado em R$ 9 bilhões.
Fogo amigo
Vinculada ao PT, a Fundação Perseu Abramo divulgará documento contrário à política econômica praticada pelo governo da presidente Dilma Rousseff. A fundação publicou em seu site um convite para o lançamento, que ocorrerá hoje, do movimento batizado de “Por um Brasil justo e democrático”.