Jornal Estado de Minas

Crise de credibilidade afeta partidos da esquerda e da direita

A dificuldade para encontrar candidatos vai desde os grandes até aos pequenos partidos. “De fato, as pessoas de bem, de bom caráter e de ficha limpa têm mostrado resistência em entrar na política”, reconhece o presidente estadual do PTB, deputado Dilzon Mello. Segundo o parlamentar, “diante dos últimos acontecimentos”, durante convenção realizada no mês passado, a direção nacional da legenda alertou os dirigentes dos diretórios estaduais a realizarem um trabalho para atrair jovens e mulheres. Atualmente, o PTB tem comissões provisórias em 627 municípios de Minas Gerais e contabiliza 576 vereadores. A meta para o ano que vem é eleger pelo menos 700 vereadores. Dos atuais 69 prefeitos e 58 vice-prefeitos, o objetivo é saltar para 80 prefeitos e 65 vices.

No PDT, a história não tem sido diferente. “Existe uma desesperança, uma sensação de que em política não se resolve nada. Pois só se divulga a parte ruim da política.
Claro que, com isso, temos dificuldades em atrair gente mais nova para a disputa”, afirma o presidente do diretório estadual do PDT em Minas, deputado federal Mário Heringer. No entanto, ele disse que, “pelo seu histórico”, o PDT não deverá ser muito afetado pela “conjuntura atual”. “Os partidos que têm resistência estão sofrendo em função de condutas de seus filiados. Mas, este é um fator que não afeta o PDT”, assegura Heringer.

O presidente do diretório do PT em Montes Claros, Paulo Rogério de Souza, reconheceu que até o partido do governador Fernando Pimentel enfrenta problemas, mas que a meta é lançar chapa completa de candidatos a vereador – junto com candidatura própria a prefeito. “Temos que verificar que, ao mesmo tempo que há um desinteresse com a política, por outro lado, inicia-se uma mobilização por parte daqueles que perceberam que muitas coisas ruins estão acontecendo devido à falta de pessoas de boa índole na política”, comenta.

Sobre o envolvimento da legenda nas investigações da Lava-Jato, ele afirmou que o PT fez a opção por apurar os fatos e fortalecer as instituições encarregadas das investigações. “Não se pode dizer que o país virou um mar de corrupção depois que o PT assumiu o governo, O que mudou foi a forma de investigação, que se tornou mais rígida e transparente”.

Acomodado Já o presidente estadual do PSDB, deputado federal Domingos Sávio, diz que a “onda negativa” na política não deve atingir o ninho tucano, por se tratar do partido que é o principal opositor do PT, colocado no centro das investigações da Operação Lava-Jato. “Pesquisas nacionais revelam que o partido que mais cresceu nos últimos anos foi o PSDB enquanto o PT é o que mais ganhou rejeição”, diz.

Depois de ter permanecido 12 anos no Palácio da Liberdade (oito anos de  gestão Aécio Neves e quatro de Antonio Anastasia), o PSDB acabou se acomodando no interior.
“Como a gente era governo, ficava naquela de muitas vezes não disputar prefeituras de determinados municípios para não ‘trombar’ com candidatos de partidos aliados. Isso também afetou a eleição de vereadores”, relatou. Até meados deste ano, o PSDB estava organizado em 400 municípios mineiros, número que aumentou para 700 nos últimos meses..