Em programa nacional do PSDB que vai ao ar na noite desta segunda-feira, 28, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso diz que a presidente Dilma Rousseff está pagando pela "herança maldita" deixada pelo antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva. É a primeira vez que o tucano usa publicamente a mesma expressão pela qual os petistas criticavam sua gestão.
"A economia vai muito mal e a presidente é refém de uma base de sustentação no Congresso que, a cada dia, é mais do tipo toma lá dá cá. Ela está pagando pela herança maldita que o Lula deixou", afirma FHC no vídeo, cujos trechos foram antecipados no domingo, 27, pela GloboNews.
A expressão "herança maldita" foi cunhada por petistas que diziam que Lula havia recebido das mãos do tucano, em 2003, um País cheio de problemas, com inflação e câmbio elevados e baixo crescimento.
Na propaganda, o tucano também afirma que o PT, que prometia "o céu ao povo", agora "oferece o inferno da crise e do desemprego". "Está na hora de a presidente ter grandeza e pensar no que é melhor para o Brasil, e não para o PT", diz FHC.
Nos últimos meses, o ex-presidente tem feito críticas mais contundentes a Dilma. Em 17 de agosto, FHC usou seu perfil no Facebook para sugerir a renúncia da presidente, medida que classificou também como um "gesto de grandeza". A declaração foi feita um dia após líderes do PSDB terem participado de manifestações que levaram milhares de pessoas às ruas em diversas cidades.
Na semana passada, diante da disparada da cotação do dólar, FHC afirmou que o PT estaria "mordendo a língua de tanto que disse que recebeu um governo quebrado em 2002". O tucano também criticou a reforma administrativa negociada por Dilma e disse que a presidente estava fazendo um "pacto com o demônio" para tentar salvar seu governo ao oferecer mais ministérios, como o da Saúde, para o PMDB.
Em resposta, petistas como o ministro José Eduardo Cardozo (Justiça) disseram que o tucano falaria com "conhecimento de causa", pois também foi aliado dos mesmos partidos que compõem a base dos governos petistas.
Sem golpe
Presidente nacional do PSDB, o senador Aécio Neves (MG) é outro protagonista da propaganda tucana. Diante da iniciativa de setores do partido de pedir o impeachment de Dilma, afirmou que a legenda vai agir sempre "dentro das regras democráticas".
Aécio também disse que o partido é contra a volta da CPMF, mas que não se furtaria a ajudar a presidente caso o governo adotasse uma agenda a favor da retomada do crescimento e não do aumento de impostos.
"Oposição sim, nós somos oposição a esse governo. Mas nós não somos nem jamais seremos oposição ao Brasil. Aquilo que entendermos ser necessário para melhorar a vida das pessoas, para melhorar a sua vida, nós faremos", afirmou o senador mineiro.
O mote, que vem sendo explorado pelo PSDB, de que Dilma mentiu para a população, também está presente na peça. Em sua fala, o senador José Serra (SP) afirma que o governo foi alertado da crise, mas ignorou a gravidade da situação para vencer as eleições de 2014.
"Nós avisamos: está entrando água no barco, pode afundar. Mas o PT se fez de surdo e não cuidou de prevenir a crise. Só pensou em ganhar a reeleição", disse Serra. "Os brasileiros não podem mais pagar a conta dessa incompetência do PT. Eu acho que está na hora de o PT pagar pelos seus próprios erros."
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, também participou da propaganda, completando o trio de pré-candidatos presidenciais do PSDB.