O Supremo Tribunal Federal (STF) manteve a validade da lei que criou uma quarentena para fusão de partidos políticos e barrou a possibilidade de filiados políticos assinarem declaração de apoio à criação de novas siglas. O texto, aprovado no Congresso no início do ano e sancionado em março, ficou conhecido na época como "Lei Anti-Kassab", por dificultar o plano do ministro Gilberto Kassab (Cidades) de fundir o PSD, que preside, com o PROS e o futuro Partido Liberal (PL).
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Vamos trabalhar para derrubar vetos em projeto sobre fusão de partidos, diz CunhaSenado aprova projeto que cria quarentena para fusão de partidos políticosCâmara aprova projeto que cria quarentena para fusão de partidosPor dez votos a um, os ministros do Supremo consideraram que a norma é constitucional. O questionamento a respeito do período para fusão e da exigência de que as assinaturas de apoio sejam feitas por pessoas não filiadas a partidos políticos foi questionada pelo PROS. O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, defendeu a nova lei para evitar uma "algazarra" de criação de partidos políticos.
"Não se trata de forma alguma de impedir apoio à criação de partido político, mas de disciplinar a algazarra que se faz com a criação de partidos políticos sem nenhuma forma de controle para que se possa consolidar o processo democrático eleitoral brasileiro", afirmou Janot no julgamento. Para o procurador, é preciso instalar uma barreira para organizar o processo democrático.
A maioria dos ministros seguiu o entendimento da relatora, ministra Cármen Lúcia, que considerou que as previsões da nova lei são uma forma de regular a proliferação de partidos. "Essas legendas são objeto, não poucas vezes, de verdadeiro comércio ainda que no espaço político. O mais grave e mais antirrepublicano que se pode conceber.
O ministro Luís Roberto Barroso usou a expressão "babel partidária" para definir o modelo político atual, com registro de 35 partidos no País. Luiz Edson Fachin apontou que é preciso evitar que cada divergência política "dê ensejo à formação de um novo partido baseado mais na personalidade dos criadores do que nas ideias". A única divergência foi levantada pelo ministro Dias Toffoli. "Na forma como colocado, entendo que invade a seara do cidadão", afirmou. Toffoli disse ser favorável à adoção de critérios para restringir a criação de partidos políticos, mas não as previstas na nova lei.
PL
O julgamento de um recurso no qual o Partido Liberal, gestado por Kassab, pede para o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) deferir o registro da sigla será julgado na noite desta quarta, 30, pela Corte Eleitoral. Ainda que seja criado, no entanto, o PL conta com uma restrição - além do prazo para fusão. Isso porque a eventual criação vem depois da sanção presidencial à reforma política.