A presidente Dilma Rousseff pretende anunciar nesta sexta-feira a reforma ministerial com mudanças que resistiu a fazer, mas acabou tendo que ceder às pressões do PMDB, que passará a ter sete pastas, de parte do PT e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Um dos pontos de embate foi a Saúde, na qual o petista Arthur Chioro dará lugar a um peemedebista. Um dos principais objetivos da reforma é melhorar as relações do Palácio do Planalto com o PMDB para conseguir aprovar propostas do governo e barrar o impeachment. Hoje, depois de emplacar praticamente tudo o que queria na reforma, Lula desembarca em Brasília para apresentar a Dilma, durante almoço no Palácio da Alvorada, a última demanda petista: tirar Joaquim Levy da Fazenda e pôr, em seu lugar, Henrique Meirelles. Com base na pressão de petistas — e também de peemedebistas, Lula convenceu Dilma a tirar Aloizio Mercadante da Casa Civil e substituí-lo pelo baiano Jaques Wagner. Mercadante deverá ocupar a pasta da Educação.
Em reunião com Temer na manhã de quarta-feira, Dilma comunicou a ele a troca nas pastas. Ela resistia a tirar Mercadante da Casa Civil, mas a pressão do PT foi intensificada depois da decisão da presidente de dar ao PMDB o Ministério da Saúde. Sem esta pasta, os petistas se viram com menos poder no governo.
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Em meio a reforma ministerial, ministro-chefe da CGU tem aposentadoria concedidaLula pede ao PT que não atrapalhe reforma ministerialLula se reunirá com Dilma para definir esboço da reforma ministerial Dilma marca para amanhã anúncio da reforma ministerialJá Jaques Wagner negou que tivesse recebido qualquer convite para trocar de ministério, mas não se mostrou refratário. “Sou parte desse projeto (de governo), estou à disposição no que puder ajudar”, disse, ao chegar para audiência pública na Câmara dos Deputados. Para o lugar de Wagner, vai o atual ministro de Ciência e Tecnologia, Aldo Rebelo.
A cúpula do PMDB também recebeu a garantia de Dilma que Helder Barbalho, ministro da Pesca, irá para os Portos, já que sua atual pasta será extinta. Helder esteve com Dilma no começo da noite de terça-feira, no Palácio do Planalto, quando foi comunicado do fechamento da Pesca.
Outro nome para a Saúde
Nas pastas do PMDB também pode haver surpresas. Antes bem cotado para a Saúde, o deputado Manoel Júnior (PB) perde espaço para Marcelo Castro (PI). Júnior foi citado na CPI da Pistolagem de 2005. As restrições a Castro vinham do fato de ele estar rompido politicamente com o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (RJ). Mas o peemedebista piauiense tem ensaiado uma reaproximação com o presidente da Casa. O Ministério da Saúde tem o principal orçamento federal (R$ 91,5 bilhões em 2015) e é responsável também pelo maior sistema público de saúde do mundo.
Um dia após afastar o ministro da Saúde, Arthur Chioro, a presidente Dilma Rousseff demitiu o titular da Educação, Renato Janine Ribeiro, que ficou apenas seis meses no cargo. Ele esteve em uma reunião reservada com ela no Palácio do Planalto. De acordo com a assessoria do MEC, a presidente “agradeceu e reconheceu o trabalho dele”. Dilma também reuniu-se com governadores do PSB — Ricardo Coutinho (PB), Rodrigo Rollemberg (DF) e Paulo Câmara (PE). Ela quer o PSB de volta ao governo, mas os socialistas paulistas resistem. Dilma pediu ajuda na derrubada das pautas-bombas e a aprovação do ajuste fiscal no Congresso..