Em tempo de crise política e com PT e PSDB protagonizando disputas cada vez mais acirradas, o esperado embate entre as duas legendas pela Prefeitura de Belo Horizonte no ano que vem caminha para ganhar um formato bem diferente do que ocorreu em 2012. Se, há quatro anos, a briga a esta altura do processo era para saber qual dos partidos rivais ficaria com o prefeito Marcio Lacerda (PSB), agora a estratégia de ambos é pulverizar as candidaturas. Mais de duas dezenas de nomes já se apresentam para a sucessão, e as conversas e pesquisas internas ajudarão a escalar quem vai representar cada time.
Petistas e tucanos garantem que terão candidatos próprios, mas, desta vez, sem o grande arco de alianças que reuniram em 2012. Há 15 anos sem disputar a PBH com um filiado – e agora sem o Palácio Tiradentes –, o PSDB praticamente fechou questão sobre a participação no pleito e quer definir um nome até o fim do ano. Em reunião na segunda-feira com aliados do PP, PTB, PDT, SD, DEM e PPS, o presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, deixou claro que a capital mineira tem um peso diferenciado desta vez. “Ele não impôs nada, mas é natural que os aliados compreendam que o PSDB cedeu nas últimas três eleições e, nelas, estava em uma posição confortável. Agora, o PSDB se prepara para disputar o governo e a Presidência e, ao contrário, precisa que os aliados tenham esse gesto com o partido”, afirmou o presidente do PSDB em Minas Gerais, deputado federal Domingos Sávio.
Um dos que mais se articulam neste momento para ser o candidato do PSDB é o deputado estadual João Vítor Xavier, mas há outras opções. Entre elas, está o candidato dos sonhos dos tucanos, o senador Antonio Anastasia, que continua negando a possibilidade de concorrer.
Délio, que também diz ter sido convidado pelo PSB, quer concorrer a prefeito. “Não me disponho a ser vice de novo, já dei minha contribuição nesse sentido. Ou sou candidato a prefeito ou não sou a nada e vou ajudar, sempre do lado do senador Aécio Neves”, afirmou.
Musculatura No campo do PT, o partido tem feito pesquisas de ambiente e já decidiu adotar como tática multiplicar as candidaturas da base. Internamente, a legenda entende que sua rejeição aumentou, mas acredita ter musculatura para, em uma eleição de dois turnos, se tornar viável ao longo da campanha. Segundo uma fonte ligada às negociações, a ideia é lançar uns quatro nomes, independentemente de o PSDB concorrer sozinho ou em uma aliança com o PSB.
“Time que não joga não ganha torcida. O PT precisa reafirmar sua narrativa, e a campanha tem dois turnos. A melhor opção é fazer aliança no segundo”, afirmou o secretário nacional de Relações Institucionais do PT, Reginaldo Lopes, que integra o grupo de trabalho eleitoral do partido em Minas. A decisão sobre o nome do partido deve sair em meados de março ou abril, mas as conversas já começaram. “Toda a sinalização é por candidatura própria em BH.”
O PMDB, principal aliado e que tem a vice-governadoria, também se arma para concorrer. Segundo o presidente do partido, vice-governador Antônio Andrade, a legenda tem hoje vários nomes para escolher entre março e abril. “Temos que sentar e discutir. Primeiro, temos que descobrir quem tem o perfil que mais agrada o eleitor de BH, aí decidimos”, disse.
No PCdoB, a decisão é de lançar o nome do secretário de Turismo, Mário Henrique Caixa. O nome será referendado na convenção municipal do partido, que deve ocorrer no final de outubro. “Decidimos afunilar os nomes. O PCdoB precisa reforçar sua presença”, afirmou a deputada federal Jô Moraes. Para Jô, é natural que os aliados lancem vários nomes. “A aliança que produziu o Lacerda já venceu o prazo de validade, e a polarização política entre PT e PSDB também venceu o prazo. A cidade tem uma diversidade grande, então, é preciso deixar todos os pensamentos se apresentarem no primeiro turno”, afirmou. Além de PMDB e PCdoB, o PR também tem a pré-candidatura do deputado federal Lincoln Portela..