A nomeação do deputado Marcelo Castro (PMDB-PI) para o Ministério da Saúde é a ponta mais visível de uma guerra que será travada por petistas e peemedebistas pelo segundo escalão da pasta mais cobiçada da Esplanada. Para 2016, o orçamento previsto é de R$ 109,4 bilhões, segundo levantamento feito pela organização não governamental (ONG) Contas Abertas. Desse total, R$ 102 bilhões serão destinados ao Fundo Nacional da Saúde, responsável pela irrigação dos recursos federais para estados e municípios.
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Novo ministro da Saúde propõe CPMF com cobrança no débito e no créditoDilma corta ministérios na reforma política, mas aumenta dependência do PMDBAlém de anunciar reforma, Dilma promete cortar 3 mil cargos comissionadosAção quer cassar mandato de novo ministro da SaúdeSite do PT sofre ataque de hackerO choro é livre, mas os efeitos são pouco práticos. Ficou acertado que o Ministério da Saúde foi entregue de “porteira fechada”, uma prática pouco comum nos governos do PT. O PRB de George Hilton, por exemplo, queixa-se com frequência disso.
No caso do PMDB, a negociação foi diferente. O novo titular do Ministério da Saúde, Marcelo Castro, já começou a desenhar a distribuição de nomes dentro das secretarias da pasta e para os cargos de direção. Assim como a reforma ministerial feita pelo Planalto contemplou grupos distintos do PMDB, a intenção é atender a indicações feitas por representantes da legenda nos estados. Mesmo antes de tomar posse, os estudos dos orçamentos das secretarias já foram iniciados na semana passada.
Segundo apurou o Estado de Minas, algumas trocas em diretorias da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), que tem um orçamento para 2016 de aproximadamente R$ 2,7 bilhões, já estão sendo negociadas para abrigar apadrinhados do vice-presidente Michel Temer e do líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira (CE). Essas conversas se iniciaram há três semanas, no começo das tratativas entre o Planalto e a cúpula peemedebista para a troca de comando na Saúde. “Já era um sinal de limpeza de trilhos do PT”, afirmou um petista.
“Será uma briga de sangue”, brincou, de maneira séria, outro petista ressentido com as substituições que virão. Ele reconhece que a luta da legenda é para tentar garantir alguns cargos nos estados, para que o partido não perca a hegemonia no ministério mais representativo socialmente.
Para o diretor de Documentação do Departamente Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), Antonio Augusto de Queiroz, é natural que, ao assumir a Saúde, o PMDB deseje controlar as principais estruturas da máquina. “Mas também não há motivos para se preocupar demais. Com todos esses instrumentos de fiscalização e controle, potencializado pelas investigações de corrupção em diversas instâncias, fica muito mais difícil qualquer tipo de desvio”, acredita Toninho. Para o diretor-presidente da Ong Contas Abertas, Gil Castelo Branco, quem é o responsável por definir as políticas públicas e a destinação dos recursos para as diversas unidades orçamentárias é o ministro.
Saúde, uma pasta milionária
A joia disputada por PMDB e PT*
Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz)
R$ 2,48 bilhões
Hospital Nossa Senhora da Conceição
R$ 1,06 bilhão
Fundação Nacional de Saúde
R$ 2,7 bilhões
Agência Nacional de Vigilância
Sanitária - R$ 847 milhões
Agência Nacional de Saúde Suplementar R$ 307 milhões
Fundação Nacional de Saúde
R$ 102,07 bilhões
*Previsão orçamentária para
2016, segundo levantamento
feito pelo site Contas Abertas.