Brasília - Um dia depois da aprovação por unanimidade do parecer técnico do Tribunal de Contas da União (TCU), que rejeitou pela primeira vez desde a redemocratização do país as contas de um presidente da República, começou a guerra dos prazos regimentais no Congresso. A oposição costura para acelerar o máximo a tramitação da análise do balanço contábil do ano passado da presidente Dilma Rousseff (PT), o que abre caminho para o impeachment. Do outro lado da corda, o governo articula nos bastidores para que o processo seja levado em banho-maria até o próximo ano, o que é mais provável. O Planalto tem a expectativa de que, até fevereiro de 2016, o clamor público pela saída da petista tenha esfriado e a economia apresente sinais de recuperação. Nessa quinta-feira (8), o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), disse que dificilmente a rejeição das contas será votada ainda neste ano. “Provavelmente neste ano não será apreciado na comissão mista, na minha opinião de conhecedor. O embate não vai ser rápido”, avaliou.
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Embate político para analisar contas de Dilma no Congresso promete ser acirradoPressão sobre governo Dilma não tem data para terminarOposição amplia pressão sobre Dilma, que cobra ministros contra impeachmentPT e PSDB estão fora da relatoria para analisar contas do governo DilmaParecer do TCU que reprovou contas do governo Dilma chega oficialmente ao SenadoPlanalto age para votar contas em 2016Dilma cobra fidelidade de ministros no CongressoNessa quinta-feira pela manhã, o Tribunal de Contas da União encaminhou o seu posicionamento à Secretaria-Geral da Mesa do Senado. Até o começo da noite, o parecer ainda não havia chegado à Comissão Mista de Orçamento (CMO). No meio da tarde, em entrevista coletiva, a presidente da CMO, senadora Rose de Freitas (PMDB-ES), disse acreditar que a comissão pode votar as contas de 2014 da presidente ainda neste ano (leia na página 4).
O parecer aprovado no TCU atestou que o governo federal emitiu créditos suplementares sem aprovação do Legislativo e utilizou R$ 40 bilhões para maquiar o balanço contábil por meio das chamadas pedaladas fiscais. Em seu voto, o relator do caso, ministro Augusto Nardes, assegurou que o governo fez manobras ilegais para que bancos públicos financiassem programas sociais.
oab cria comissão A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) criou uma comissão nessa quinta-feira para decidir se apresenta ao Congresso pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff a partir da recomendação do Tribunal de Contas da União (TCU) pela rejeição das contas de 2014 do governo. Nessa quinta-feira, a corte de contas por unanimidade reprovou o balanço contábil apresentado pela União por apurar a existência de irregularidades, entre elas as “pedaladas fiscais”. “É indiscutível a gravidade da situação consistente no parecer do TCU pela rejeição das contas da presidente da República por alegado descumprimento à Constituição federal e às leis que regem os gastos públicos.
O grupo terá duração máxima de 30 dias para fazer estudos “técnicos” e avaliar se há embasamento jurídico para pedir a saída de Dilma. Um parecer elaborado pela comissão será entregue ao Conselho Federal da entidade, que ficará responsável pela decisão final sobre o tema. Se os conselheiros da OAB entenderem, com base no parecer feito pela comissão, que há responsabilidade da presidente Dilma nas irregularidades apresentadas nas contas do governo podem apresentar o pedido de impeachment. Nessa quinta-feira, depois da rejeição das contas, líderes da oposição disseram que o resultado do julgamento reforça os argumentos para viabilizar o impeachment da presidente.Para eles, existe a partir da decisão da corte de contas o parecer técnico que faltava para fundamentar o pleito..