A confirmação do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, de que o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e parentes dele têm contas bancárias na Suíça bloqueadas pelo país europeu fez aumentar no PSDB o coro de políticos do partido que defendem o afastamento do peemedebista do comando da Casa.
O foco que mais resiste a se distanciar de Cunha, no entanto, são justamente os deputados tucanos, pois contam com o presidente da Câmara para dar início a um processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff.
"Uma vez demonstrada (a existência das contas), creio realmente que a posição dele (Cunha) fica insustentável. O afastamento é a melhor saída", disse nesta sexta-feira o senador Aloysio Nunes (PSDB-SP). A posição dele é a mesma de outros tucanos que participam hoje, em Montevidéu, do 20° Meeting Internacional - encontro entre empresários e políticos promovido por João Doria Jr., empresário filiado ao PSDB e pré-candidato à Prefeitura de São Paulo.
"Politicamente, está na hora de a Câmara dos Deputados fazer alguma coisa. Os fatos são relevantes, tanto do ponto de vista penal como político", afirmou o governador do Mato Grosso, Pedro Taques (PSDB).
Os partidos de oposição se reunirão nesta terça-feira em Brasília para tomar uma posição conjunta sobre a situação de Cunha. Nos bastidores, os líderes oposicionistas na Câmara estão cientes de que a situação do peemedebista está insustentável, mas ainda evitam se manifestar publicamente sobre o caso para não prejudicar a estratégia de tentarem abrir um processo de impeachment contra Dilma, aproveitando o impacto da reprovação das contas de 2014 pelo Tribunal de Contas da União (TCU).
Cunha garantiu aos tucanos que decidirá na terça-feira se aceita ou rejeita o pedido de impedimento protocolado pelos juristas Hélio Bicudo e Miguel Reale Jr., que é apontado pelo PSDB como o mais consistente. "Acreditamos que ele pode deferir, agora que o TCU reconheceu o crime de responsabilidade decorrente das pedaladas. Mas se ele indeferir, já estamos com o recurso pronto para protocolar na quarta. Regimentalmente ele é obrigado a submeter o recurso ao plenário da Casa", diz o deputado Carlos Sampaio (SP), líder do PSDB na Câmara. O tucano não quis comentar a situação de Cunha.
Se o presidente da Câmara aceitar o pedido de Bicudo e Reale, será instituída uma comissão para avaliar o documento. Segundo o regimento, Dilma será afastada se ao menos 342 dos 513 deputados votarem pela abertura do processo de impeachment.