Antes de o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ter 2,46 milhões de francos suíços congelados pelas autoridades da Suíça, uma conta em nome de sua mulher teve gastos de, pelo menos, US$ 1,082 milhão em cartões de crédito internacionais. De acordo com o Ministério Público suíço, entre os gastos estão academias de tênis dos EUA, escolas de inglês e transferências para bancos da Inglaterra e de Barcelona, na Espanha.
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Cunha usou mesmo banco que ex-diretores da Petrobras na SuíçaCresce no PSDB defesa pública pelo afastamento de Cunha da Presidência da CâmaraPSOL leva Cunha ao Conselho de ÉticaCerco se fecha contra Eduardo CunhaInvestigação sobre mulher de Cunha pode ir para MoroNas contas do Marlvern College, da Inglaterra, foram pagos US$ 8 mil em 14 de maio de 2008. Na academia de tênis IMG, dos EUA, mantida pelo professor Nick Bollettieri), foram gastos US$ 52 mil entre agosto de 2008 e abril de 2009.
Na conta do banco espanhol, de Barcelona, foram depositados US$ 119 mil entre agosto de 2011 e fevereiro de 2012. Na conta de uma pessoa suspeita de fazer parte do esquema de desvios da Petrobras – mas cuja participação não foi atestada por investigadores do Brasil – foram depositados US$ 52 mil entre agosto de 2008 a abril de 2009. A conta está na Inglaterra, no banco Lloyds.
Vazamentos seletivos
Eduardo Cunha nega ser o proprietário de qualquer conta no exterior.
Cunha recebeu 1,3 milhão de francos suíços da conta do lobista João Augusto Henriques – ligado ao PMDB e suspeito de ser operador de propinas no esquema investigado pela Operação Lava-Jato – entre 30 de maio e 23 de junho de 2011. Os pagamentos aconteceram três meses depois que a Petrobras fechou negócio em um campo de petróleo, em Benin, na costa oeste da África. Investigadores no Brasil suspeitam que o deputado recebeu parte de uma propina para o negócio de US$ 34 milhões ser fechado.
Duas contas de Eduardo Cunha foram encerradas logo após a deflagração da Operação Lava-Jato, em 2014. Nas outras duas havia um saldo em 17 de abril deste ano exatos 2.468.864 de francos suíços (R$ 9,6 milhões). Tudo foi bloqueado pela Suíça naquela data. Mas o dinheiro total que ingressou nessas contas – parte mais importante da investigação – ainda não é totalmente conhecido..