Antes de o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ter 2,46 milhões de francos suíços congelados pelas autoridades da Suíça, uma conta em nome de sua mulher teve gastos de, pelo menos, US$ 1,082 milhão em cartões de crédito internacionais. De acordo com o Ministério Público suíço, entre os gastos estão academias de tênis dos EUA, escolas de inglês e transferências para bancos da Inglaterra e de Barcelona, na Espanha.
Os pagamentos foram feitos entre maio de 2008 e abril de 2015. A conta Kopek, registrada em nome da mulher do deputado, Cláudia Cordeiro Cruz, pagou US$ 525 mil para o cartão de crédito Corner Card entre 2013 e este ano. Só entre agosto do ano passado e abril deste ano US$ 156 mil. No cartão American Express, foram US$ 316 mil entre junho de 2008 e outubro de 2012.
Nas contas do Marlvern College, da Inglaterra, foram pagos US$ 8 mil em 14 de maio de 2008. Na academia de tênis IMG, dos EUA, mantida pelo professor Nick Bollettieri), foram gastos US$ 52 mil entre agosto de 2008 e abril de 2009.
Na conta do banco espanhol, de Barcelona, foram depositados US$ 119 mil entre agosto de 2011 e fevereiro de 2012. Na conta de uma pessoa suspeita de fazer parte do esquema de desvios da Petrobras – mas cuja participação não foi atestada por investigadores do Brasil – foram depositados US$ 52 mil entre agosto de 2008 a abril de 2009. A conta está na Inglaterra, no banco Lloyds.
Vazamentos seletivos
Eduardo Cunha nega ser o proprietário de qualquer conta no exterior. Por meio de sua assessoria, ele declarou que não comentaria sobre as novas informações. Limitou-se a informar que não responde a “vazamentos seletivos”.
Cunha recebeu 1,3 milhão de francos suíços da conta do lobista João Augusto Henriques – ligado ao PMDB e suspeito de ser operador de propinas no esquema investigado pela Operação Lava-Jato – entre 30 de maio e 23 de junho de 2011. Os pagamentos aconteceram três meses depois que a Petrobras fechou negócio em um campo de petróleo, em Benin, na costa oeste da África. Investigadores no Brasil suspeitam que o deputado recebeu parte de uma propina para o negócio de US$ 34 milhões ser fechado.
Duas contas de Eduardo Cunha foram encerradas logo após a deflagração da Operação Lava-Jato, em 2014. Nas outras duas havia um saldo em 17 de abril deste ano exatos 2.468.864 de francos suíços (R$ 9,6 milhões). Tudo foi bloqueado pela Suíça naquela data. Mas o dinheiro total que ingressou nessas contas – parte mais importante da investigação – ainda não é totalmente conhecido.