São Paulo, 16 - Intelectuais reuniram-se nesta sexta-feira, no Núcleo de Estudos de Violência (NEV) da Universidade de São Paulo (USP) para divulgar um manifesto contra as iniciativas para afastar a presidente Dilma Rousseff. O documento chama um possível impeachment de "aventura" que abriria um "período de vale-tudo" no cenário político nacional.
"Seria extraordinário retrocesso dentro do processo de consolidação da democracia representativa, que é certamente a principal conquista política que a sociedade brasileira construiu nos últimos trinta anos", diz o texto. O documento também acusa os movimentos pró-impeachment de procurar um pretexto para interromper um mandato de Dilma Rousseff.
Leia Mais
Cunha se reúne com advogados para finalizar recursos sobre impeachmentNovo pedido de impeachment de Dilma será entregue terça-feira à Câmara"Vão ter de esperar o fim do mandato para escolher outro", disse Cunha aos que pedem sua renúnciaManifestação pelo impeachment de Dilma ocupa parte da PaulistaDilma vai à Suécia e Finlândia para ampliar cooperação comercial e educacionalFundador do PT diz que Dilma cometeu erros e deve deixar o poder"Impeachment foi feito para punir governantes que efetivamente cometeram crimes. A presidente Dilma Rousseff não cometeu qualquer crime", defende o manifesto. "O que vemos hoje é uma busca sôfrega de um fato ou de uma interpretação jurídica para justificar o impeachment. Esta busca incessante significa que não há nada claro. Como não se encontram fatos, buscam-se agora interpretações jurídicas bizarras, nunca antes feitas neste país. Ora, não se faz impeachment com interpretações jurídicas inusitadas", completa.
O texto argumenta ainda que as tentativas parecem uma estratégia para implantar no País um "pseudoparlamentarismo".
Entre os signatários está curiosamente um ex-ministro de Fernando Henrique Cardoso, Paulo Sérgio Pinheiro, que comandou a Secretaria de Direitos Humanos de 2001 a 2003, no segundo mandato do tucano na Presidência. Outro ex-ministro de FHC, Miguel Reale Júnior, que esteve à frente da pasta da Justiça em 2002, é um dos três signatários do processo de impeachment com maior chance de prosperar na Câmara dos Deputados.
Além de Pinheiro, assinam o manifesto contra as tentativas de impeachment Roberto Amaral, ex-dirigente do PSB que rompeu com a direção do partido para apoiar Dilma, e outras figuras que vêm se mobilizando em apoio à legitimidade do governo. Entre elas estão a filósofa Marilena Chauí, o escritor Fernando Morais, o sociólogo Antonio Candido, o cientista político e ex-porta-voz do governo Lula André Singer, o advogado Flávio Konder Comparato, o jurista Dalmo Dallari e o historiador Alfredo Bosi..