Estocolmo, 18 - A presidente Dilma Rousseff afirmou três vezes neste domingo, 18, em Estocolmo, na Suécia, que "lamenta" que as denúncias envolvendo o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, envolvam um brasileiro. Segundo ela, não houve acordo entre os chefes dos dois poderes, Executivo e Legislativo, por mais estabilidade política, mas acusou "a oposição" de ter firmado um entendimento com Cunha.
"Eu acho fantástico essa conversa de que o governo está fazendo acordo com quem quer que seja", disse ela, atacando seus opositores. "O acordo de Eduardo Cunha não é com o governo, era com a oposição. Era público e notório. Até na nota aparece", disse ela. A presidente se referia a um comunicado emitido em 8 de outubro pelas direções do PSDB, DEM, PPS e PSB, no qual a oposição pediu o "afastamento do cargo" do presidente da Câmara para que ele pudesse "exercer seu direito constitucional à ampla defesa". A nota foi interpretada como fraca, uma prova de que a oposição não deseja de fato sua renúncia.
Dilma disse que não comentaria as denúncias de que Cunha tem contas não declaradas na Suíça, nas quais teria recebido propinas. Mas, indagada sobre a repercussão internacional do escândalo de corrupção envolvendo o presidente da Câmara, a presidente afirmou três vezes: "Eu lamento que seja um brasileiro".
Sobre se a crise política estaria menos intensa após as denúncias contra Cunha, a presidente afirmou não ver "grandes alterações ao longo desse semestre", mesmo depois da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que derrubou a interpretação do presidente da Câmara sobre o rito processual de um eventual processo de impeachment. "Nós ainda temos de alcançar uma estabilidade política baseada em um acordo no sentido de que os interesses partidários, pessoais, de cada corrente, têm de ser colocados abaixo dos interesses do País", argumentou.
Indagada sobre a qual "acordo" se referia, a presidente respondeu: "Com toda a sociedade".
Agenda
A presidente do Brasil, Dilma Rousseff, começou neste domingo, em Estocolmo, sua breve visita de três dias pelo norte de Europa. Depois do encontro com o casal real, na segunda-feira a presidente se reunirá com o chefe de governo sueco, Stefan Löfven, e visitará o grupo fabricante de armamento Saab, do qual o Brasil comprou 36 aviões de caça Gripen por aproximadamente US$ 5 bilhões.
Esta compra, concretizada em agosto, após dez anos de negociações, foi financiada graças a um empréstimo da agência sueca SEK (Swedish Export Credit Corporation).
Posteriormente, a presidente brasileira viajará à Finlândia, onde encontrará na terça-feira com Sauli Niinistö, presidente da Finlândia, assim como o primeiro-ministro Juha Sipilä.
O encontro deste domingo com os monarcas suecos foi aberta somente a fotógrafos.