Em nova denúncia contra a cúpula da Odebrecht, apresentada à Justiça Federal na sexta-feira, por corrupção, a força-tarefa da Operação Lava Jato aponta indícios de cartel na agenda do executivo Márcio Faria, ligado à maior empreiteira do País. Faria foi diretor da Construtora Norberto Odebrecht e, segundo os procuradores, era o representante do grupo no "clube vip" de empresas que apossaram de contratos bilionários da Petrobras entre 2004 e 2014.
Um laudo da Polícia Federal destaca "linguagem cifrada" na agenda do executivo. Os investigadores observam que a partir da apreensão de agendas pessoais de Márcio Faria foi possível encontrar referências, "boa parte das quais em linguagem cifrada", de encontros do "Clube" ou cartel de empreiteiras.
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"A forma encontrada pelas empreiteiras do clube de tornar o cartel ainda mais eficiente, foi a corrupção de diretores e empregados do alto escalão da Petrobras, oferecendo-lhes vantagens indevidas (propina) para que estes não só se omitissem na adoção de providências contra o funcionamento do "clube", como também para que estivessem à disposição sempre que fosse necessário para garantir que o interesse das cartelizadas fosse atingido", sustenta a denúncia.
Márcio Faria, o presidente da empreiteira, Marcelo Bahia Odebrecht, os executivos Rogério Araújo e César Rocha, os ex-diretores da Petrobras Paulo Roberto Costa (Abastecimento), Renato Duque (Serviços) e o ex-gerente executivo da estatal Pedro Barusco foram denunciados por suposta propina de R$ 137 milhões em oito contratos com a estatal, entre 2004 e 2011.
A Procuradoria denuncia prática de corrupção nos projetos de terraplenagem no Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) e na Refinaria Abreu de Lima (RNEST); na Unidade de Processamento de Condensado de Gás Natural (UPCGN II e III) do Terminal de Cabiunas (Tecab); da Tocha e Gasoduto de Cabiunas; das plataformas P-59; P-60, na Bahia.
Segundo a denúncia, há na agenda de Márcio Faria, ainda, uma citação ao operador de propinas Mário Góes. Um dos delatores da Lava Jato, Mário Góes já foi condenado por corrupção e lavagem de dinheiro.
Reunião
A denúncia destaca também que o ex-presidente da Camargo Corrêa Dalton Avancini, um dos delatores da Lava Jato, relatou à força-tarefa que uma das reuniões do clube de empresas cartelizadas foi feita na sede da Andrade Gutierrez. Segundo o delator, o encontro ocorreu em 12 de setembro de 2011, "oportunidade em que provavelmente foi discutida a participação das empresas do cartel na Tubovias do Comperj".
O doleiro Alberto Youssef e o ex-diretor Paulo Roberto Costa, ambos delatores, "reconheceram expressamente" que, para as obras da RNEST e do Comperj, receberam e aceitaram propina, oferecida por Marcio Faria, afirma a Procuradoria.
Defesa
"As defesas do executivo e dos ex-executivos da Odebrecht ainda não tomaram conhecimento do inteiro teor da denúncia e se pronunciarão oportunamente", declarou a empreiteira ao ser questionada sobre o assunto..