Estocolmo e Brasília - Durante a visita a Estocolmo, na Suécia, a presidente Dilma Rousseff negou neste domingo, 18, que o governo tenha negociado um acordo com o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), acuado por denúncia e suspeitas de envolvimento com o esquema de corrupção na Petrobras. Dilma acusou "a oposição" de firmar um entendimento com Cunha.
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Apesar de negar acordo, Dilma procurou não entrar em rota de colisão com Cunha. Ela não comentou as investigações que mostram que o peemedebista mantinha contas secretas na Suíça, nas quais teria recebido propina - e cujo patrimônio oculto no exterior seria de R$ 61 milhões. Mas, indagada sobre a repercussão internacional do caso, repetiu: "Lamento que seja com um brasileiro".
Sobre a crise política, a presidente afirmou não ver "grandes alterações ao longo desse semestre", mesmo depois da decisão do Supremo Tribunal Federal que suspendeu a interpretação do presidente da Câmara sobre o rito processual de um eventual processo de impeachment.
O presidente da Câmara também nega acordo, apesar de ter melhorado sua relação com o governo principalmente depois que Jaques Wagner foi nomeado chefe da Casa Civil.
Líderes do governo e do PT têm evitado promover ataques públicos a ele. Cunha não aceita falar em renúncia do cargo de presidente da Câmara, pois ainda soma apoios importantes na Casa.
Ele é respaldado pela bancada evangélica e por grupos conservadores que têm como base de apoio policiais e ex-militares. Além disso, na eleição do ano passado, ajudou dezenas de parlamentares a arrecadar recursos para campanhas.
O presidente da Câmara tem dobrado a aposta de quem diz que ele vai cair em breve. Nesta segunda-feira, 19, deve apresentar ao Supremo Tribunal Federal os recursos contra as decisões liminares (provisórias) concedidas na semana passada pelos ministros Rosa Weber e Teori Zavaski.
O presidente da Câmara ainda acredita que pode sair vitorioso quando o plenário da corte avaliar cada uma das medidas. Cunha, contudo, não descarta outra estratégia: revogar a questão de ordem que motivou as ações no Supremo. Isso tornaria sem efeito as liminares e acabaria com qualquer polêmica na avaliação de um novo processo de impeachment.
Novo pedido
A oposição deve apresentar amanhã mais um requerimento de afastamento de Dilma.
Após as novas revelações das investigações, líderes do PSDB passaram a reavaliar sua proximidade com Cunha. Isso fez com que o presidente da Câmara voltasse a ser cortejado por governistas para que ele desistisse do impeachment em troca de ajuda. .