Relator da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Reforma Política, o senador Raimundo Lira (PMDB-PB) disse que vai apresentar até o fim do mês à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) um parecer que acaba com todas as formas de financiamento de empresas de campanhas políticas e também de partidos.
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Para acalmar PMDB, Dilma sanciona reforma política sem atender demanda de KassabReforma política oficializa doação ocultaTRE de São Paulo multa empresa que podia doar R$ 379 e doou R$ 335 milEmbora siga a linha do julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF), que, no mês passado, considerou inconstitucional uma lei que permitia a doação de pessoas jurídicas, a manifestação de Lira vai na contramão do que foi aprovado pelos deputados. Em agosto, eles haviam permitido a doação das empresas às agremiações partidárias.
O parecer de Raimundo Lira deve gerar um novo foco de atrito entre a Câmara dos Deputados e o Senado. Há duas semanas, deputados fizeram questão de não dar quórum na sessão do Congresso Nacional marcada para votar vetos presidenciais, alegando, entre outros motivos, o fato de os senadores não terem acelerado a votação da PEC.
O presidente do PMDB e vice-presidente da República, Michel Temer, chegou a defender a apreciação da proposta pelos senadores a fim de diminuir a tensão entre as duas Casas.
Teto ampliado
Em seu texto, o relator na CCJ vai permitir apenas a doação de pessoas físicas para as campanhas, ampliando o teto para os repasses dos atuais 10% para 50% dos rendimentos brutos auferidos no ano anterior à eleição. No fim do mês passado, ele apresentou um projeto com esse teor pouco depois de o Senado ter aprovado, em outra proposta, o fim da doação de empresas para partidos e candidatos.
Na ocasião, ele foi um dos votos derrotados a favor do financiamento empresarial, mas disse ter seguido a orientação inicial da bancada do PMDB. "Sempre fui a favor do financiamento exclusivamente por pessoa física", ressaltou.
Raimundo Lira também apresentará outra inovação para as doações: sócios de empresas que mantenham contratos com governos estaduais e municipais serão proibidos de fazer contribuições. "É para evitar gambiarras", disse. No caso da disputa para presidente, não haverá essa vedação porque, segundo ele, os mecanismos de controle e transparência são maiores.
O relator, que foi senador constituinte (1987-1995) e voltou ao Senado em dezembro passado - após a ida do titular Vital do Rêgo para o Tribunal de Contas da União -, disse estar ciente das resistências que poderá enfrentar. Afirmou não ter sido procurado pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), defensor da doação de empresas.
Para o senador, qualquer que seja o texto da emenda promulgada pelo Congresso, impediria questionamentos judiciais em relação ao sistema de financiamento de campanha.
Raimundo Lira vai preservar o texto da Câmara e permitirá a todo detentor de mandato eletivo mudar de partido pelo qual foi eleito em até 30 dias após a promulgação da emenda constitucional. Mas vai propor uma mudança para representantes de cargos proporcionais, isto é, deputados e vereadores.
Aqueles que se elegerem por conta própria, sem os votos do partido ou da coligação partidária, poderão mudar de partido quando quiserem. Na última eleição para a Câmara, apenas 35 dos 513 eleitos - 6,8% do total - conseguiram essa façanha.
Para o relator, se a PEC for promulgada antes das eleições municipais, as novas regras não vão valer para 2016. Embora um tema controvertido, ele disse que quaisquer mudanças precisariam ter sido aprovadas a um ano da eleição. As informações são do jornal
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