O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, disse na manhã desta segunda-feira que as investigações de corrupção representam uma "revolução" no Brasil e se devem à independência de juízes que atuam protegidos de qualquer interferência política. "Não tenho dúvida de que tudo será revelado e virá à tona", declarou o magistrado em palestra no Inter-American Dialogue, em Washington.
Leia Mais
Proibição de doações para campanhas já vale em 2016, diz LewandowskiJuiz da Lava-Jato manda soltar segundo executivo da OdebrechtDesvio de dinheiro por corrupção na Petrobras pode chegar a R$ 20 bilhões 'Investigar não é para amador', diz Lewandowski em crítica ao CongressoCNJ fixa prazo de até 20 dias para devolução de processos sob pedido de vistas"As investigações têm sido muito bem conduzidas", observou Lewandowski, que ressaltou ter segurança de que os processos sobre corrupção serão concluídos. Sem citar nominalmente o juiz Sérgio Moro, responsável pelas ações da Lava-Jato em primeira instância, o presidente do STF disse que ele está investigando os "figurões" ligados ao escândalo da Petrobras. "Estou muito, muito, muito orgulhoso dos nossos juízes no Brasil", declarou a uma plateia formada por acadêmicos, diplomatas e analistas de América Latina e Brasil.
Lewandowski afirmou que a condenação de altos executivos de empresas a penas de 15 a 20 anos de prisão é algo "realmente novo" no País. "O Judiciário no Brasil é hoje um pilar da democracia, do nosso Estado democrático." O presidente do STF ressaltou que nem mesmo ele pode interferir nos processos ou pedir a suspensão das investigações. "O que está ocorrendo agora no Brasil é o resultado da independência dos nossos juízes."
Em entrevista antes da palestra, Lewandowski destacou que ainda não há um processo formal contra o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), mas disse que há uma "incompatibilidade prática" entre uma eventual condenação à prisão pelo STF e o exercício do mandato parlamentar. "Não estou me referindo a nenhum caso em particular nem antecipando o meu voto, minha opinião, meu pronunciamento sobre uma possível ação penal contra o presidente da Câmara", ressaltou.
Segundo ele, na hipótese de Cunha vir a ser condenado no exercício do mandato parlamentar, pode haver debate sobre a necessidade de autorização do Congresso Nacional sobre sua cassação. O ministro lembrou que o STF tratou do assunto no processo que envolveu o ex-deputado petista José Genoino, quando decidiu que a condenação à prisão era incompatível com o mandato parlamentar.
O presidente do STF observou que não há, "por enquanto", nenhum pedido do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, de retirada de Cunha do cargo de presidente da Câmara. "Essa é uma medida extrema e se for o caso será submetida ao plenário do Supremo Tribunal Federal, aos 11 ministros.".