Brasília, 20 - Sem nenhum representante do Solidariedade, partidos de oposição fizeram nesta terça-feira, uma manifestação pública no Salão Verde da Câmara dos Deputados pedindo o afastamento do presidente Eduardo Cunha (PMDB-RJ) da função. Pressionados, os oposicionistas reiteraram a nota divulgada no dia 10 defendendo a saída do peemedebista, mas deixaram claro que o foco do grupo é aprovar o início do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff.
PPS, DEM e PSDB disseram reconhecer que as denúncias contra Cunha são "gravíssimas" e que pretendem "acompanhar de perto" o processo por quebra de decoro parlamentar no Conselho de Ética. O Solidariedade - partido cujo presidente, deputado Paulo Pereira da Silva (SP), é alinhado de Cunha - não participou da entrevista coletiva. O PSB, que na semana passada abandonou a defesa aberta do impeachment de Dilma, também não acompanhou os líderes da oposição.
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Juristas dizem que impeachment sem crime de responsabilidade atinge ConstituiçãoMovimento acampará em frente ao Congresso para pressionar por impeachmentCunha descarta pedir licença do cargo durante investigaçãoOposição entrega novo pedido de impeachment de DilmaOposição aposta em novo rito para ação de impeachmentOs líderes disseram que não podem forçar Cunha a renunciar e que cabe ao Conselho de Ética levar adiante o processo que pode culminar com a perda do mandato parlamentar. Para os oposicionistas, a defesa pública do afastamento já é uma ação política de pressão. "Não tenho dificuldade em me manifestar em plenário", disse o líder do DEM, Mendonça Filho (PE), diante da insistência dos jornalistas.
Os oposicionistas reagiram hoje após a informação de que a base aliada havia sido orientada pelo Palácio do Planalto a poupar Cunha. Entretanto, a decisão de voltar a defender a saída de Cunha - importante aliado no processo de impeachment - não foi unânime nas bancadas.
Amanhã, os partidos de oposição vão protocolar um novo pedido de abertura de processo de impeachment assinado pelos juristas Hélio Bicudo, Miguel Reale Júnior e Janaína Paschoal. "Queremos ver o impeachment da mãe do 'Petrolão'", afirmou o líder do PPS, Rubens Bueno (PR).
Sugestão
Mais cedo, sem mencionar o pedido de afastamento de Cunha em plenário, Mendonça Filho sugeriu a Cunha que desista do recurso e acate a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que interditou o rito de eventual processo de impeachment da presidente Dilma.
O objetivo da oposição era convencer o peemedebista de que o regimento interno e a Constituição permitem a votação de recursos, independentemente da questão de ordem que levou os governistas a buscarem a Corte Suprema.
Mendonça argumentou que Cunha poderia aplicar a lei 1079/50 e utilizar-se do artigo 218 do regimento.
Cunha lembrou que já apresentou recurso ao STF e disse que, se entender que a sugestão é cabível, comunicará ao plenário..