Que a relação entre a presidente Dilma Rousseff e o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB/RJ), nunca foi das melhores, todo mundo já sabe, mas nesta semana, a troca de “amabilidades” entre os dois foi pública e atravessou continentes. Alvos dos parlamentares e, se depender dos colegas, com os mandatos em risco, Dilma e Cunha usaram da ironia e dos microfones dos repórteres para lavar roupa suja, atacando e se defendendo mutuamente. Tudo começou no domingo, quando Dilma comentou a situação do desafeto Eduardo Cunha. Questionada em Estocolmo, na Suécia, se o caso das contas secretas do peemedebista na Suíça seriam um constrangimento para o Brasil, a petista afirmou que seria estranho se causasse e emendou: “Lamento que seja um brasileiro, se é isso que você quer saber”. Dilma foi questionada mais uma vez se a situação era ruim para o país e disse considerar a pergunta capciosa.
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Cunha rebate Dilma: não sabia que Petrobras não era do governo'Meu governo não está envolvido em escândalo de corrupção', afirma DilmaDilma volta da Finlândia e reúne ministros no Palácio da AlvoradaWagner pede a Dilma para encerrar discussão pública com CunhaOposição aposta em novo rito para ação de impeachmentCunha, porém, foi apontado como um dos recebedores de propinas da estatal e está no centro dos holofotes por causa da revelação de uma investigação do Ministério Público da Suíça sobre suas contas naquele país não declaradas à Receita brasileira. Fazendo referência ao fato, Dilma rebateu ontem o presidente da Câmara, dizendo que seu governo não está envolvido em nenhum escândalo de corrupção. “Não é o meu governo que está sendo acusado atualmente”, devolveu.
PÉROLA A afirmação da petista causou revolta entre seus oposicionistas, que fizeram questão de lembrar o escândalo da Petrobras, que teria desviado R$ 21 bilhões dos cofres públicos do país.
Dilma é alvejada por oposicionistas e tem contra si até então 17 pedidos de impeachment. Os opositores usam as pedaladas fiscais apontadas pelo Tribunal de Contas da União – que consistem na antecipação de receitas para pagar programas do governo – para pedir o afastamento da presidente. Até o STF conceder três liminares paralisando a tramitação das representações, estava nas mãos de Cunha dar o aval para a abertura dos processos contra a petista. Eduardo Cunha, por sua vez, foi surpreendido com a divulgação de passaportes dele, da mulher e da filha essa semana, que comprovariam a existência das contas não declaradas na Suíça. De acordo com a investigação, ele teria movimentado R$ 23,2 milhões na Suíça em quatro contas bancárias.
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