Brasília, 22 - A presidente Dilma Rousseff vai optar pelo caminho mais viável para a correção das "pedaladas fiscais", afirmou o ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, Edinho Silva, em entrevista ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado.
O ministro afirmou que, se for preciso sanear o Orçamento num período mais longo - e citou seis, 12 ou 18 meses -, o governo vai fazer o movimento "da forma mais transparente possível" para evitar especulação e instabilidade. Ele enfatizou que o governo vai sinalizar medidas concretas de superação do déficit nas contas públicas.
"Não temos que gerar polêmica nesse sentido. Se o governo tiver condições fiscais de equilibrar a execução Orçamentária o mais rápido possível, vamos equilibrar. Se tivermos que buscar todo o saneamento num período mais longo, tornaremos isso público, de forma que se consiga entender", afirmou.
Sem confirmar se o anúncio da nova meta fiscal de 2015 ocorrerá nesta sexta, o ministro indicou que, se as condições não forem as ideais, o importante é o governo indicar ao mercado e aos investidores os seus objetivos de longo prazo, para garantir o equilíbrio do orçamento.
Sobre o prazo de correção das pedaladas, o ministro destacou que o governo quer que o debate seja compreensível e garanta credibilidade. "Não podemos dizer que vamos fazer isso... Fazer como? Se estamos como medidas em andamento", alertou. Ele mostrou preocupação de que não haja instabilidade em torno dos prazos.
"O parecer do TCU vai ser analisado pelo Congresso. Temos um Fórum para darmos as explicações devidas. E estamos num processo de votação importante de medidas que vão ajudar muito o ajuste fiscal", ponderou.
Edinho Silva disse que o governo reconhece as dificuldades fiscais e está trabalhando para que sejam superadas. Ele fez questão de afirmar que o Brasil não é o primeiro país a enfrentar um déficit fiscal decorrente do prolongamento da crise internacional. "Outras economias importantes do mundo trabalharam anos consecutivos com déficits", afirmou.
O ministro disse que o governo pode projetar uma "agilidade maior no equilíbrio fiscal, mas desde que seja real". "Mais importante do que ficarmos anunciando medidas, é mostrar o esforço do governo que ao longo do período estaremos equilibrando a execução fiscal e criando todas as condições necessárias para que haja uma retomada do crescimento econômico e da geração de empregos, que esse são os principais objetivos da presidente Dilma", disse.
Política econômica
Apesar dos rumores dos últimos dias sobre uma eventual saída do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, o ministro Edinho Silva reiterou que ele permanecerá à frente da equipe econômica do governo. "A política econômica é da presidente Dilma, o ministro Levy executa a política econômica, assim como eu executo aqui a política de comunicação, assim como o ministro Mercadante na educação, é assim em todos os ministérios", disse.
Levy tem sido alvo de ataques de integrantes da base aliada, em especial do PT e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, sobre a condução da economia. Questionado sobre a pressão feita por petistas ao ajuste fiscal, Edinho Silva respondeu: "governar, além de desenvolver políticas públicas, é administrar pressão".
Para Edinho, seria "equivocado" que o PT e os partidos da base não trouxessem as cobranças da sociedade, como é o caso da melhoria da economia. Se isso ocorresse, avaliou, mostraria que as legendas estão "totalmente distantes" da sociedade. "Então, é legítimo que eles (os partidos) tragam demandas da sociedade. É legítimo que o governo ouça as demandas, sistematize as demandas e tome as medidas de acordo com as condições objetivas", afirmou.
O ministro destacou que todos reconhecem que Dilma é uma "gestora excepcional", podendo gostar mais ou menos dela. E sublinhou que, além disso, ela conhece os princípios e fundamentos da economia. Edinho Silva afirmou não ter dúvida de que, superada a fase do ajuste, em breve o País vai retomar o crescimento econômico. "Essa é a vontade do PT, do PMDB, do PP e de todos os partidos da base."
Impeachment e Cunha
Um dia após a oposição apresentar um novo pedido de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff por supostas "pedaladas fiscais" praticadas em 2015, o ministro defendeu que não há ambiente para prosperar o afastamento da chefe do Executivo no País.
"Faz parte da democracia, não vejo problema nisso. A oposição está fazendo luta política. Esse é o papel da oposição e eu acabei de dizer que não tem problemas eles fazerem luta política", afirmou. "Mas nós temos que efetivamente entender que os interesses do Brasil estão acima das lutas políticas que são conjunturais", completou.
O ministro reconhece haver lideranças políticas na oposição que estão "mais sectarizadas" que privilegiam uma "disputa conjuntural". Mas disse que há oposicionistas que têm concepção de estadista, colocando os interesses do País acima das questões partidárias. "A oposição não é homogênea como a base de apoio também não é", disse.
Sobre a relação do Executivo com o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ele declarou que "enquanto ele for o presidente da Câmara, o mandato dele estiver em vigor, o governo tem que ter respeito institucional pela Câmara, respeito institucional pelo Senado da mesma forma que tem respeito institucional pelo Judiciário", disse.
Para Edinho, é preciso dialogar com a Mesa da Câmara para, a despeito das disputas políticas, aprovar as medidas de interesse do Brasil.