Sem resultado prático, depois de oito meses de trabalho, muitas horas de reuniões, viagens e até a contratação de uma consultoria internacional, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras custou aos cofres públicos pelo menos cerca de R$ 1,5 milhão. Criado em fevereiro para apurar o esquema de corrupção que sangrou a estatal em cerca de R$ 19 bilhões, o grupo colheu 132 depoimentos, mas, no relatório de 754 páginas aprovado na madrugada de ontem por 17 votos a 9, ninguém foi indiciado. Os cinco destaques que tentavam responsabilizar políticos, como o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a presidente Dilma Rousseff (PT) e o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB), foram rejeitados. Não há menção também sobre o possível envolvimento dos ex-presidentes da Petrobras José Sérgio Gabrielli e Graça Foster.
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CPI da Petrobras aprova relatório que poupa políticosRelator da CPI da Petrobras recua e inclui pedidos de indiciamentoPF indicia ex-diretor da Petrobras e operador de propinas do PMDBE os custos não pararam por aí.
Mas o maior gasto foi com a contratação da empresa de consultoria Kroll, para fazer o rastreamento do dinheiro desviado da estatal. Sem licitação, alegando a especificidade do serviço, a Câmara autorizou um empenho de R$ 1,180 milhão. “Foi um dinheiro perdido porque ela só diz o que todo mundo já sabe, que tinha indício de conta no exterior ligada à Petrobras. Realmente foi um dinheiro mal gasto”, admitiu o 2º vice-presidente da CPI da Petrobras, deputado Félix Mendonça Júnior (PDT/BA).
O parlamentar disse desconhecer o total gasto pela comissão, mas afirmou que ela terminou prematuramente. Seriam necessários mais 60 dias, na avaliação do pedetista.
Sem lógica Segundo Félix Júnior, nem mesmo a recomendação feita por ele, de que todas as obras que foram objeto de corrupção sejam anuladas e ocorram novas licitações, terá efeito prático. No relatório, o deputado Luiz Sérgio (PT/RJ) diz que a comissão tem ciência da presteza e agilidade da Operação Lava-Jato e optou por não aprofundar as investigações sobre os parlamentares citados pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Ele apenas lista as pessoas indiciadas, denunciadas, condenadas ou absolvidas no caso. “Seguindo uma lógica jurídica e o bom senso, não serão pedidos por este relator, portanto, indiciamentos pelos mesmos crimes de pessoas já indiciadas, denunciadas ou condenadas”, registra. Segundo o relatório, o saldo da Operação tem um absolvido, 44 condenados e 123 denunciados ou indiciados.
Entre as recomendações do relatório está a mudança na lei anticorrupção, em especial para aperfeiçoar os acordos de delação premiada e impedir eventuais coações. Também foi indicado à Petrobras que faça licitações na modalidade concorrência, siga a lei 8666/93 e tenha um controle mais rígido dos processos.
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