Brasília, 23 - Membro da recém-encerrada CPI da Petrobras, a deputada Eliziane Gama (Rede-MA) protocolou na tarde desta sexta-feira, 23, uma representação na Procuradoria-Geral da República (PGR) para que a empresa de espionagem Kroll, contratada pela Câmara para investigar 12 personagens da Operação Lava Jato, devolva R$ 1,18 milhão que recebeu.
A empresa, que deveria encontrar ativos dos investigados no exterior, entregou à CPI apenas um relatório com colagens de reportagens e informações sigilosas dos investigados repassadas pela Comissão Parlamentar de Inquérito.
"É imperioso salientar outros possíveis objetivos escusos que ensejaram a contratação da empresa", diz a parlamentar na representação, salientando que a empresa foi contratada sem licitação pública.
No texto, a parlamentar aponta para "a lesividade dos atos das autoridades do Poder Legislativo Federal responsáveis direta ou indiretamente pelo possível prejuízo ao erário".
O trabalho da empresa de espionagem foi mencionado em apenas duas páginas do relatório aprovado na madrugada desta quinta-feira, 22, na CPI.
A Kroll decidiu não renovar o contrato com a Câmara depois que houve vazamento dos nomes dos investigados, encerrando os trabalhos antes de chegar a qualquer conclusão.
A lista de investigados inclui delatores do esquema de corrupção da Petrobras, como o lobista Julio Camargo, que acusou Cunha de receber propina de US$ 5 milhões em seu depoimento, e até mesmo Stael Fernanda Janene, viúva do deputado José Janene (PP-PR). Além de ex-diretores e ex-gerentes da Petrobras e de empreiteiros, também há o nome do ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto.