O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, está sendo pressionado por aliados a deixar o PT e iniciou uma série de consultas a conselheiros da política e do mundo acadêmico sobre a possibilidade de abandonar o partido pelo qual foi eleito.
O entorno de Haddad acha que, pelo PT, ele não tem chances de se reeleger. O prefeito também teme que o desgaste do partido por causa das denúncias possa dificultar sua reeleição. Por enquanto, conforme o Estado apurou, a opção preferencial de Haddad seria integrar a Rede, legenda recém-criada pela sua amiga e ex-colega de Ministério Marina Silva. Em público, o prefeito nega a movimentação.
O PT, que neste ano perdeu a senadora Marta Suplicy (SP) para o PMDB, não aceita a possibilidade de Haddad ir para outra legenda antes de concluir seu mandato, que vai até o final do ano que vem.
Conforme a nova regra eleitoral, fica permitida a troca de partido até seis meses antes das eleições. Será considerada justa causa para a desfiliação "mudança substancial ou desvio reiterado do programa partidário".
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Lula diz que PT não deve atuar para 'afundar' CunhaDilma é vaiada em cerimônia de abertura de jogos indígenasConvenção da Rede em Minas vai parar na políciaPT discute eleições em São Paulo, onde Haddad tem apenas 15% de aprovação Reeleição de Haddad em 2016 será prioridade número do PT, diz FalcãoO elo entre Haddad e Marina Silva tem sido a educadora Neca Setúbal, com quem o prefeito mantém contato desde o período em que ocupou o Ministério da Educação - na mesma época, Marina era ministra do Meio Ambiente do governo Lula. Algumas semanas atrás ela foi procurada pelo secretário municipal de Educação, Gabriel Chalita.
"O Chalita nos procurou e dissemos a ele que buscamos construir uma identidade para o partido a partir de um núcleo programático e que não é o caso, agora, de buscar um arranjo para a eleição em São Paulo", disse o porta-voz da Rede, Bazileu Margarido.
Ao rejeitar a proposta de Chalita, a Rede teria sinalizado interesse em ter Haddad como candidato em 2016. O prefeito, segundo membros da Rede, autorizou o secretário de Educação a prosseguir nas conversas com Neca.
Além de Neca, as consultas de Haddad incluem um grupo restrito de intelectuais e acadêmicos e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB). O flerte do prefeito com os tucanos não se restringe à relação com FHC. O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), teria oferecido ao petista a possibilidade de ingressar no PSB. Haddad tinha excelente relação com o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, morto no ano passado.
Ex-presidente
As dificuldades para a saída do prefeito do PT, no entanto, são muitas. Haddad administra um dos maiores orçamentos do País e é visto por seus colegas e correligionários como a maior esperança de renovação do partido. Outros entraves passam pela relação direta de Haddad com Dilma.
Conforme um dos assessores de Haddad, o futuro dele no PT também depende do que vai acontecer com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, seu padrinho político e responsável pela candidatura vitoriosa à Prefeitura de São Paulo em 2012. A decisão ainda não está tomada. "Não posso fazer isso com o Lula agora", teria dito..