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Estado de Minas

Haddad se aproxima da Rede, mas PT não aceita saída antes do fim do mandato

Aliados acham que prefeito de São Paulo não tem chances de se reeleger pelo PT e o pressionam a deixar o partido


postado em 24/10/2015 08:37 / atualizado em 24/10/2015 09:33

Prefeito de São Paulo também se preocupa com o desgaste do partido por causa das denúncias(foto: AFP PHOTO / GABRIEL BOUYS)
Prefeito de São Paulo também se preocupa com o desgaste do partido por causa das denúncias (foto: AFP PHOTO / GABRIEL BOUYS)

O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, está sendo pressionado por aliados a deixar o PT e iniciou uma série de consultas a conselheiros da política e do mundo acadêmico sobre a possibilidade de abandonar o partido pelo qual foi eleito.

O entorno de Haddad acha que, pelo PT, ele não tem chances de se reeleger. O prefeito também teme que o desgaste do partido por causa das denúncias possa dificultar sua reeleição. Por enquanto, conforme o Estado apurou, a opção preferencial de Haddad seria integrar a Rede, legenda recém-criada pela sua amiga e ex-colega de Ministério Marina Silva. Em público, o prefeito nega a movimentação.

O PT, que neste ano perdeu a senadora Marta Suplicy (SP) para o PMDB, não aceita a possibilidade de Haddad ir para outra legenda antes de concluir seu mandato, que vai até o final do ano que vem.

Conforme a nova regra eleitoral, fica permitida a troca de partido até seis meses antes das eleições. Será considerada justa causa para a desfiliação "mudança substancial ou desvio reiterado do programa partidário".

Apesar da pouca estrutura da nova legenda, Haddad está empolgado com as recentes declarações de Marina sobre a necessidade de um novo "campo de esquerda" no espectro político brasileiro após a crise do PT. Se for para a Rede, o prefeito de São Paulo seguirá o mesmo caminho de outros ex-petistas que estavam insatisfeitos, como o deputado federal do Rio Alessandro Molon. A possibilidade provoca calafrios na cúpula petista que vê na reeleição de Haddad a chance de o partido se salvar de um "tsunami eleitoral" nas eleições municipais do ano que vem.

O elo entre Haddad e Marina Silva tem sido a educadora Neca Setúbal, com quem o prefeito mantém contato desde o período em que ocupou o Ministério da Educação - na mesma época, Marina era ministra do Meio Ambiente do governo Lula. Algumas semanas atrás ela foi procurada pelo secretário municipal de Educação, Gabriel Chalita. Isolado no PMDB desde a entrada de Marta Suplicy na sigla, Chalita procura outro partido para se candidatar a vice de Haddad e propôs que a Rede integrasse a chapa do petista.

"O Chalita nos procurou e dissemos a ele que buscamos construir uma identidade para o partido a partir de um núcleo programático e que não é o caso, agora, de buscar um arranjo para a eleição em São Paulo", disse o porta-voz da Rede, Bazileu Margarido.

Ao rejeitar a proposta de Chalita, a Rede teria sinalizado interesse em ter Haddad como candidato em 2016. O prefeito, segundo membros da Rede, autorizou o secretário de Educação a prosseguir nas conversas com Neca.

Além de Neca, as consultas de Haddad incluem um grupo restrito de intelectuais e acadêmicos e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB). O flerte do prefeito com os tucanos não se restringe à relação com FHC. O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), teria oferecido ao petista a possibilidade de ingressar no PSB. Haddad tinha excelente relação com o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, morto no ano passado.

Ex-presidente

As dificuldades para a saída do prefeito do PT, no entanto, são muitas. Haddad administra um dos maiores orçamentos do País e é visto por seus colegas e correligionários como a maior esperança de renovação do partido. Outros entraves passam pela relação direta de Haddad com Dilma. O prefeito se queixa da falta de ajuda financeira do governo federal para sua gestão, mas mantém apreço pela presidente, que ele exclui do que chama de "crise ética".

Conforme um dos assessores de Haddad, o futuro dele no PT também depende do que vai acontecer com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, seu padrinho político e responsável pela candidatura vitoriosa à Prefeitura de São Paulo em 2012. A decisão ainda não está tomada. "Não posso fazer isso com o Lula agora", teria dito.


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