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Estado de Minas

PMDB se vê como solução para a crise

Em novo sinal de distanciamento do governo federal, líderes do partido defendem reunificação, mas prometem apresentar, por escrito, propostas próprias para guiar o Brasil


postado em 25/10/2015 06:00 / atualizado em 25/10/2015 07:31

Os principais líderes do PMDB assumiram ontem, mais uma vez, uma postura de espectadores da crise política e econômica, como se não integrassem o governo federal e vários de seus nomes, como o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB), não contribuíssem para aprofundá-la. Depois de reiterar que o PMDB lançará em novembro “um programa escrito” para que “guie” e “reunifique” o país, o vice-presidente da República e presidente nacional do partido, Michel Temer, declarou ontem, durante convenção estadual da legenda, na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, em Belo Horizonte, que o PMDB é fundamental na solução de crises porque representa o que chamou de “um certo equilíbrio e moderação”.


“O que nos falta é exatamente essa ideia de que temos de reunificar o país, temos de pacificar o país, temos de ter harmonia para o país. Temos de acabar com eventuais divergências entre brasileiros, temos de unir todos, pois, entre o partido político, o governo e o país, o maior valor é o país. O PMDB está atento a isso”, assinalou Temer em seu discurso. Pela manhã, ele havia participado, em São Paulo, da convenção estadual do PMDB, onde foi diversas vezes enaltecido como o nome que vai conduzir a reunificação do país. “Nos últimos 50 anos, vivenciamos muitas crises. Mas, em todas elas, o PMDB foi fundamental para tirar o país dessas crises”, afirmou.

No mesmo tom, e enfatizando o que considerou a capacidade histórica do PMDB de trilhar o caminho que seria da “unidade”, o presidente da Fundação Ulysses Guimarães, Moreira Franco, ex-ministro da Secretaria da Aviação Civil, afirmou, em Belo Horizonte, que o PMDB jamais faltou ao país nos momentos difíceis. “Neste momento, nosso partido é obrigado, mais uma vez, a responder aos anseios, esperanças e inquietações do povo brasileiro. Vamos fazer 50 anos e nunca faltamos nos momentos difíceis. O PMDB sempre encontrou o caminho da unidade para definir a meta”, disse.

Segundo Moreira Franco, o PMDB tem militância independente, que, em vários momentos, abre dissidência, critica. “O PMDB não tem dono, tem voz”, destacou, acrescentando que neste momento em que conquistas brasileiras estão sendo “ameaçadas”, a legenda buscou na militância debater um plano para tirar o Brasil da crise, que será apresentado em 17 de novembro, em Brasília, durante o Congresso da Fundação Ulysses Guimarães. “Vamos aprovar o programa para tirar o Brasil da crise e apresentar à sociedade um caminho que faça o país crescer, gerar renda, garantir um ambiente de negócios. Vamos oferecer, como no passado, alternativas que nos levem ao crescimento”, declarou o ex-ministro.

RECADO

Michel Temer participou em Belo Horizonte da convenção estadual do PMDB, que reconduziu para um mandato de mais dois anos o vice-governador de Minas, Antônio Andrade, ao comando da legenda no estado. Sem fazer críticas diretas ao distanciamento do partido na relação com o Planalto, o governador Fernando Pimentel (PT) ressaltou, em seu discurso, a unidade do PMDB de Minas, construída a partir de 2013 por articulação pessoal com o apoio de Temer. E deu o recado: o PMDB, ao lado do PT, é governo em Minas. “Agora estamos governando juntos. O PMDB é governo com o nosso partido”, disse o governador mineiro, afirmando esperar que o “exemplo” de Minas se reproduza no país. Pimentel disse contar com Temer, a quem considera “leal” e “grande companheiro”, para levar a experiência mineira ao Brasil.

OPOSIÇÃO

Não é a primeira vez que o PMDB tenta se distanciar do governo federal publicamente, embora tenha sido agraciado com sete ministérios pela presidente Dilma Rousseff no novo desenho da Esplanada – o partido está à frente das pastas da Saúde, Minas e Energia, Agricultura, Turismo, Aviação Civil, Ciência e Tecnologia e dos Portos. Em programa em cadeia de rádio e TV, que foi ao ar  em 26 de setembro, o PMDB adotou um discurso de oposição ao governo e, sob o mote da “reunificação dos sonhos”, procurou se apresentar como uma alternativa de poder.

Parte da cúpula do PMDB tinha como prazo para definir o desembarque, ou não, do governo o mês de novembro, quando está previsto um encontro da legenda em Brasília. Com o novo arranjo da Esplanada, porém, o calendário para uma possível debandada foi empurrado para março, quando haverá a convenção nacional do PMDB. Na ocasião, serão eleitos os integrantes da direção e da Executiva Nacional responsáveis por conduzir a legenda nas próximas eleições municipais, em 2016, e presidencial, em 2018.

Integrantes de diversos setores do PMDB não descartam que o encontro de novembro sirva de palanque para ataques contra o governo Dilma. “Vai ter gente que vai defender o rompimento, mas é natural”, declarou Moreira Franco.

(Com agências)


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