“A solução da crise econômica no Brasil passa pela solução da crise política.” A avaliação é do presidente da Confederação Nacional das Indústrias (CNI), Robson Andrade, que participou nessa segunda-feira (26), em Belo Horizonte, do lançamento do projeto Sudeste Competitivo. Ele afirmou que o país precisa de uma “reforma administrativa séria”, criticando as mudanças feitas pela presidente Dilma Rousseff (PT) no início do mês e que pouco avançaram até agora. Andrade cobrou também da oposição, que, “assim como a situação, não tem capacidade para apresentar para a sociedade um projeto de um novo Brasil”.
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Indústria critica falta de ação do governo sobre nota de rebaixamento da economia Corrupção turbina indústria de lavagem de dinheiroRenan não acompanha Dilma em viagem a AlagoasPara o presidente da CNI, os problemas orçamentários são resultados de gastos excessivos da administração federal e que serão precisos cortes na máquina pública para equilibrar as contas.
Ao avaliar as perspectivas do setor industrial no fim do ano, Andrade considerou a situação muito negativa e aquém do que o Brasil pode produzir. “Estávamos com uma participação no PIB que girava em torno de 13%, agora vamos fechar o ano com cerca de 9,5%. São números muito baixos para um país do tamanho do Brasil”, criticou.
Sobre as reformas necessárias para a economia voltar a crescer, o presidente da CNI afirmou que é preciso uma posição mais corajosa do governo para implementar mudanças significativas na gestão do país. “Não adianta fazer alterações paliativas. Precisamos de uma reforma na previdência, trabalhista e tributária, além de uma reforma administrativa séria. Infelizmente, o (ex-presidente) Fernando Henrique Cardoso trocou essas reformas pela reeleição e as reformas nunca foram feitas.
O plano lançado nessa segunda-feira pela CNI, em parceria com as federações das indústrias dos quatro estados da região, identifica 86 obras consideradas urgentes para modernizar a malha de transporte e reduzir os custos com logística. De acordo com o estudo, a Região Sudeste precisa de investimentos de R$ 63,2 bilhões na malha de transportes até 2020. Essas obras permitiriam economia anual de até R$ 8,9 bilhões com o transporte de cargas.
Durante o encontro, empresários citaram um atraso de 30 anos na infraestrutura brasileira e a importância da retomada de investimentos. Para o presidente da Fiemg, Olavo Machado, mesmo diante de um cenário adverso, o setor produtivo não pode se acomodar com a falta de investimentos e deve buscar soluções para melhorar a logística nacional. “As parcerias público-privadas são uma boa opção. O governo não pode, diante das dificuldades, falar que não tem dinheiro e assim paralisar o país. Já ficamos reféns por muito tempo de governos incompetentes”, disse. O projeto Sudeste Competitivo é a última publicação da série Estudos Regionais de Competitividade.