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Estado de Minas

Primeiro dia de julgamento da Chacina de Unaí acaba com depoimento de um dos acusados

Erinaldo acusou o fazendeiro Norberto Mânica de ser o mandante


postado em 27/10/2015 19:53 / atualizado em 27/10/2015 20:17

O julgamento de dois dos acusados pela Chacina de Unaí terminou por volta das 20h desta terça-feira, na sede da Justiça Federal em Belo Horizonte. O primeiro dia do julgamento foi encerrado com o depoimento de Erinaldo de Vasconcelos Silva, apontado como autor do crime. Durante o depoimento, Erinaldo acusou o fazendeiro Norberto Mânica de ser o mandante por trás dos empresários Hugo Alves Pimenta e José Alberto.

Durante o depoimento, Erinaldo relatou ainda que Norberto Mânica teria tentado contratá-lo para matar uma família no Paraná e prometeu pagá-lo para que assumisse a chacina como crime de latrocínio. Depois da inquirição da defesa, o juiz encerrou a sessão.

Nesta quarta-feira, serão ouvidos Hugo Pimenta como réu colaborador e o delegado da Polícia Federal (PF) que atuou na Força Tarefa e desvendou o crime. O julgamento da Chacina de Unaí deve durar quatro dias. A chacina ocorreu em 2004 com o assassinato de três fiscais e de um motorista do Ministério do Trabalho e Emprego. Norberto Mânica e José Alberto Costa estão entre os mandantes dos crimes que aconteceram na cidade do Noroeste de Minas. O julgamento era para ter começado na última quinta-feira, depois de outros adiamentos anteriores, mas foi remarcado para hoje após manobra da defesa dos acusados.



Julgamento

O julgamento começou com o depoimento do delegado da Polícia Civil, Wagner Pinto, que presidiu as investigações juntamente com a Polícia Federal. De acordo com ele, na apuração do crime foram feitas interceptações de ligações por telefone entre Norberto Mânica e José Alberto Costa, que ajudaram a desvendar o crime.

O delegado contou que Norberto Mânica chegou a ameaçar de morte um dos fiscais e que ele, Norberto, foi o 'cabeça de toda essa trama criminosa'. Wagner Pinto também afirmou que as vítimas não tiveram chance de defesa quando o carro em que estavam foi bloqueado pelos pistoleiros, que dispararam vários tiros nas cabeças dos três fiscais e do motorista.

O delegado garantiu em seu depimento ao tribunal do juri que a ideia de matar as vítimas partiu de Mânica e que a ordem foi dada por José Alberto aos pistoleiros. Conforme a delação de Hugo Alves Pimenta, os irmãos Antério e Norberto Mânica desembolsaram meio milhão de reais para pagar os pistoleiros da Chacina de Unaí.

Entenda o caso

A Chacina de Unaí aconteceu em 28 de janeiro de 2004 e repercutiu mundialmente. Os auditores fiscais do Trabalho Erastótenes de Almeida Gonçalves, João Batista Soares Lage e Nelson José da Silva e o motorista Ailton Pereira de Oliveira foram mortos a tiros enquanto faziam uma fiscalização de rotina na zona rural de Unaí.

A Polícia Federal (PF) pediu o indiciamento de nove pessoas por homicídio triplamente qualificado: os fazendeiros e irmãos Antério e Norberto Mânica, os empresários Hugo Alves Pimenta, José Alberto de Castro e Francisco Elder Pinheiro, além de Erinaldo de Vasconcelos Silva e Rogério Alan Rocha Rios, apontados como autores do crime, Willian Gomes de Miranda, suposto motorista da dupla de assassinos, e Humberto Ribeiro dos Santos, acusado de ajudar a apagar os registros da passagem dos pistoleiros pela cidade.

Um dos réus, o empresário Francisco Elder, morreu no último dia 7, aos 77 anos. Apesar do crime ter sido cometido em 2004, os três primeiros responsáveis pela chacina de Unaí só foram condenados em agosto de 2013. Erinaldo de Vasconcelos Silva recebeu pena de 76 anos e 20 dias por três homicídios triplamente qualificados e por formação de quadrilha, Rogério Alan Rocha Rios a 94 anos de prisão pelos mesmos crimes e William Gomes de Miranda a 56 anos de reclusão por homicídio triplamente qualificado.


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