Depois de apreender documentos na sede das empresas do filho do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a Polícia Federal vai intimar o empresário Luis Cláudio Lula da Silva para prestar depoimento na investigação de compra de medida provisória favorável às montadoras de veículos. Luis Cláudio é suspeito de ter participado da compra de uma MP, em 2014, ano em que sua empresa de marketing esportivo, a LFT Marketing Esportivo, recebeu R$ 1,5 milhão da Marcondes e Mautoni (M&M). Segundo a polícia, a M&M seria uma empresa de fachada que é investigada por suspeita de intermediar negócios ilegais entre empresas privadas e o setor público.
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Lula responsabiliza Dilma por busca na casa do seu filhoMoro, sobre ação da PF em empresas de filho de Lula: Lava-Jato não é mais exceçãoDefesa questiona ordem de buscas em escritório de filho de LulaPF prende lobista e faz buscas na empresa do filho de LulaReceita recomenda quebra de sigilos de firma de Luís CláudioNo pedido que deu origens às buscas na LFT, o procurador José Alfredo de Paula Silva considerou estranho uma empresa de marketing esportivo ter recebido dinheiro de uma empresa de lobistas. Também foram apreendidos documentos da Touchdown Promoção de Eventos Esportivos e da Silva e Cassaro Corretora de Seguros, que também pertencem ao filho do ex-presidente Lula. Em nota, o advogado Cristiano Martins, responsável pela defesa de Luis Cláudio, afirmou que a LFT fez contrato de prestação de serviços com a Marcondes & Mautoni entre 2014 e 2015. Segundo ele, o contrato resultou em quatro projetos e relatórios relacionados ao marketing esportivo.
Código
Investigadores da força-tarefa da Operação Zelotes apontam que “abanar o rabo” era um dos códigos usados pelos lobistas das montadoras MMC Mitsubishi e Caoa Hyundai para “comprar” a MP 471, que estendeu benefícios fiscais para o setor automobilístico. A mensagem é uma resposta do lobista Alexandre Paes dos Santos, o APS, para o hoje número 2 do Ministério do Turismo, Alberto Alves, que foi gerente de representação da associação das montadoras (Anfavea).
Segundo a Operação Zelotes, a medida provisória foi “comprada” por meio de dinheiro pago pelas montadoras ao consórcio de escritórios Marcondes & Mautoni, de Mauro Marcondes, e SGR Consultoria, de propriedade de APS. As investigações apontam que R$ 6,4 milhões seriam distribuídos pelos lobistas a “colaboradores” para a aprovação da norma, o que policiais e procuradores do Ministério Público entendem como destinatários de propina.
Em um e-mail de 16 de dezembro de 2009, às 22h17, horas depois de a Câmara aprovar a MP 471, o então dirigente da Anfavea, Alberto Alves, parabeniza APS pelo feito. E pergunta quem será o relator no Senado. “Como ela foi aprovada sem emendas, vai dar para intrujar aquela que vcs fizeram?”, questiona o hoje secretário-executivo do Ministério do Turismo, segundo cargo abaixo do ministro da pasta, Henrique Eduardo Alves (PMDB).
APS responde que não. “Para que aquela emenda ter entrado era necessário que alguém abanasse o rabo, e ninguém se mexeu”, responde o lobista no dia seguinte, às 19h02. Segundo relatório da PF, era uma referência ao fato de a Caoa Hyundai não ter pago os valores combinados com os lobistas da M&M e da SGR.
Família no alvo A investida da PF no escritório da LFT de Luís Cláudio, anteontem, não foi o primeiro constrangimento envolvendo a família do ex-presidente Lula imposto pelos federais ao petista desde que assumiu a Presidência da República.
O sobrinho Luís Cláudio foi um dos alvos de mais uma etapa da Operação Zelotes. Já Genival, foi um dos alvos da Operação Xeque-Mate, que prendeu 77 pessoas acusadas de pertencer à máfia dos caça-níqueis e a um esquema de corrupção que envolvia policiais civis e militares. À época, a PF chegou a pedir a prisão de Vavá, que foi indeferida pela Justiça. Ele foi inocentado da acusação. A busca na empresa do filho Luís Cláudio abalou Lula, que ontem completou 70 anos. (com agências)..