Brasília – Uma situação inusitada foi observada em frente ao gramado do Congresso Nacional, onde o Movimento Brasil Livre (MBL), que acampa desde o início da semana no local, foi surpreendido com a chegada, na tarde de ontem, de militantes do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST). A “invasão” gerou bate-boca entre lideranças dos movimentos.
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Oito pessoas se acorrentam pelo impeachment de DilmaSessão na Câmara tem bate-boca entre deputados e protestos contra CunhaPresença de Pizzolato em avião gera protestos de passageirosLula e Pimentel se despendem de Dutra em meio a protestos“Ontem (terça-feira), o líder do governo ameaçou a gente em plenário. Aí hoje (ontem) chega esse movimento, que é aparelhado pelo governo. Eles (os manifestantes do MTST) estão querendo desestabilizar o nosso movimento, estão querendo impedir o nosso movimento”, disse Santos, em referência ao líder do PT na Câmara, Sibá Machado (AC), que na véspera, chamou, na tribuna, os manifestantes do MBL de “vagabundos”.
Sibá se manifestou após um grupo ligado ao MBL fazer um protesto nas galerias do plenário da Câmara durante sessão de votação. Eles estenderam duas faixas com os dizeres “Impeachment” e “Fora, Dilma” e acabaram retirados do local pela Polícia Legislativa após vaiarem o deputado petista Wadih Damous (RJ), que discursava contra o afastamento da presidente, argumentando que inexiste “qualquer suporte jurídico” que sustente o impeachment.
Enquanto o deputado discursava, o grupo começou a vaiá-lo e a cantar uma música em que falava “fora petista” e “a roubalheira do PT está acabando”. A atitude provocou uma reação exaltada de Sibá Machado, que, além de chamar os manifestantes de “vagabundos”, disse que iria colocá-los “para correr”.
TERRORISMO A coordenadora do MTST, Ulianne Costa, disse que a presença dos manifestantes no gramado não está relacionada a apoio à presidente Dilma. Segundo ela, eles estão ali para pressionar os senadores durante votação do Projeto de Lei da Câmara 101/2015, que tipifica o crime de terrorismo. Previsto para ser entrar em votação ontem, o texto afeta diretamente as causas populares, pois, segundo ela, poderá enquadrar como criminosas as ações dos movimentos sociais. “Não tem nada a ver com o impeachment da Dilma. Estamos aqui pela lei do terrorismo. A gente vai ficar aqui, acampado, até esse projeto ser votado”, disse ela.
Quanto à ocupação, Ulianne nega que a mudança de “setor” do acampamento tenha sido uma provocação ao MBL. Segundo ela, a Polícia Legislativa recomendou a mudança, fato que foi confirmado pela reportagem do Congresso em Foco com os policiais que estavam no local.
Para a liderança do MTST, o presidente da Câmara abriu precedente e terá que conceder a mesma autorização ao sem-tetos. “Com autorização, pode. Então, também queremos uma. Se eles podem, a gente também pode”, disse a coordenadora do movimento. Com a chegada dos sem-tetos, a polícia militar do também se fez presente e cercou as redondezas do Congresso. Enquanto o acampamento era montado, os militantes soltavam fogos e cantavam “ocupar, resistir e morar aqui”..