Brasília, 29 - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva reagiu, nesta quinta-feira, às investigações por supostos crimes de corrupção que envolvem sua família. Ele pediu que ninguém fique com pena e afirmou que vai sobreviver ao que classificou de "três anos de muita pancadaria".
"Aprendi com a vida a enfrentar adversidade. Se o objetivo é truncar qualquer perspectiva de futuro, então vão ser três anos de muita pancadaria. E, podem ficar certos, eu vou sobreviver", afirmou o ex-presidente em discurso de mais de uma hora durante a reunião do Diretório Nacional do PT, na capital federal.
Leia Mais
PF intima filho de Lula a depor em inquérito sobre compra de MPsSerão 3 anos de 'muita pancadaria', mas eu vou sobreviver, diz LulaMilitância precisa ter responsabilidade, afirma Lula durante reunião do PTIntimação de filho de Lula gera crise no governoNão sei se Lula está disposto, mas PT quer ele candidato em 2018, diz FalcãoPF adia depoimento de filho de Lula em inquérito da ZelotesLula brincou com a Operação Zelotes, em que o seu filho mais novo, Luis Claudio, é investigado por ter recebido dinheiro de uma empresa suspeita de comprar uma Medida Provisória para beneficiar montadoras. "Tenho mais três filhos que não foram denunciados, sete netos e uma nora que está grávida. Porra, não vai terminar nunca isso?", disse.
O ex-presidente afirmou que as investigações criaram um "problema desgraçado" na família dele. "Disseram que uma nora recebeu R$ 2 milhões. Aí vão perguntar quem está rico na família.
Eleição em SP
Apesar do desgaste do PT diante dos escândalos de corrupção e da crise econômica e política que abate o governo Dilma Rousseff, Lula avaliou que a legenda tem chances de ganhar as eleições de 2016 em São Paulo, cidade que o partido já comanda, com o prefeito Fernando Haddad. Ele defendeu que a militância deve reagir às acusações de roubo.
"Pode ficar certo que nós temos chances de ganhar a capital de São Paulo", afirmou o ex-presidente. Ele reconheceu que o PT cometeu erros, "mas qual partido conquistou mais credibilidade do que o nosso, qual fez mais pelo povo do que o nosso?", questionou.
Lula defendeu que, em época de dificuldades econômicas, a militância tem de ir para a rua. "A única coisa que não vale é se esconder", afirmou.
De acordo ele, o povo votará no pleito de 2016 em função da realidade de cada cidade. "Cada cidade é uma eleição, cada cidade é uma cultura diferente", disse, defendendo que é preciso construir um programa específico para o clima de cada cidade. "Portanto, temos que estar preparados para surpreender nossos adversários", comentou. "Não podemos ficar de cabeça baixa ouvindo o PT ser chamado de ladrão", acrescentou.
O ex-presidente da República afirmou que os petistas que desejarem sair do partido encontrarão a mesma "porta aberta de carinho" que encontraram para entrar.