No terceiro dia do julgamento da Chacina de Unaí, os dois acusados de arquitetar o assassinato dos auditores-fiscais do Trabalho, Norberto Mânica e José Alberto de Castro, foram interrogados. O primeiro a falar foi o fazendeiro Mânica, conhecido como o “Rei do Feijão”, acusado de ser o mandante do crime. Ele respondeu a perguntas da acusação e da defesa, afirmando que não teve participação nos assassinatos. “Não tenho nada a ver com isso, inclusive fiquei assustado. Não houve ameaça ao Nelson (um dos auditores), houve uma discussão”, disse, ao ser questionado pelo juiz Murilo Fernandes. O julgamento será encerrado hoje em Belo Horizonte.
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Acusado de ser o mandante da Chacina de Unaí vai confessar crime, diz advogadoMânica aproveita intervalo de julgamento da Chacina de Unaí para ir a pé almoçarProdutor rural complica situação de Norberto Mânica em julgamento da Chacina de UnaíJustiça condena Norberto Mânica e José Alberto de Castro por crimes na Chacina de UnaíDefesa de Mânica vai pedir anulação do júri, alegando que delação premiada foi ilegal"Hugo Pimenta é o mandante do crime", diz defesa de Norberto MânicaO fazendeiro contou ainda que não se sentia perseguido pelo fiscal, uma vez que ele multava todos os fazendeiros da região. Mânica disse que tem medo de ser assassinado por Erinaldo dos Santos, um dos pistoleiros que afirmou ter recebido R$ 6 mil do fazendeiro para matar os fiscais e colaborou com a Justiça. Erinaldo foi condenado e está preso. A chacina aconteceu em 28 de janeiro de 2004. Os auditores fiscais Erastótenes de Almeida Gonçalves, João Batista Soares Lage e Nelson José da Silva e o motorista Ailton Oliveira foram mortos a tiros qundo faziam fiscalização de rotina na zona rural de Unaí.
A Polícia Federal pediu o indiciamento de nove pessoas por homicídio triplamente qualificado: os irmãos Antério e Norberto Mânica, os empresários Hugo Alves Pimenta, José Alberto de Castro e Francisco Elder Pinheiro, além de Erinaldo de Vasconcelos Silva e Rogério Alan Rocha Rios, apontados como autores do crime, Willian Gomes de Miranda, suposto motorista da dupla de assassinos, e Humberto Ribeiro dos Santos, acusado de ajudar a apagar os registros da passagem dos pistoleiros pela cidade.
Um dos réus, o empresário Francisco Elder, morreu no último dia 7, aos 77 anos. Apesar de o crime ter sido cometido em 2004, os três primeiros responsáveis pela chacina de Unaí só foram condenados em agosto de 2013. .