A Justiça condenou Norberto Mânica e José Alberto de Castro por crimes na Chacina de Unaí, em 2004. O fazendeiro, conhecido como o 'Rei do Feijão', foi condenado a 25 anos de prisão para cada assassinato, totalizando 100 anos de pena. Mânica poderá abater da condenação, o período de um ano e quatro meses que já cumpriu na cadeia. José Alberto de Castro foi condenado a 96 anos e cinco meses de reclusão. Ambos foram sentenciados a cumprir as penas em regime fechado. Os dois foram condenados pelos crimes de três auditores-fiscais e um motorista do Ministério do Trabalho e Emprego. Ao ler o veredito, o juiz federal Murilo Fernandes de Almeida disse que Mânica agiu com intenso dolo e que teve poder de decisão no crime. A sentença foi proferida após quatro dias de julgamento em júri popular, em Belo Horizonte.
De acordo com a sentença, ambos poderão recorrer em liberdade por serem réus primários.
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O quarto dia de julgamento foi tomado pelos debates entre defesa e acusação.
Assim como a defesa de Mânica, o advogado Cleber Lopes, que representa o empresário José Alberto de Castro, diz que a delação de Hugo Pimenta é um simulacro. "Ele se coloca como mero espectador, mera testemunha. Como se sua conduta não tivesse efeito causal", afirma. A defesa acrescenta que delação não é prova. “Ninguém pode ser condenado com base em delação premiada, conforme decisão do Supremo Tribunal Federal”, disse.
Para tentar reduzir a pena de seu cliente, José Alberto, réu confesso, o advogado pede a condenação dele apenas pela morte do fiscal Nelson.
Pela manhã, o procurador da República Gustavo Torres destacou a frieza dos réus, ao mandarem matar fiscais que apenas estavam fazendo seu trabalho. Houve comoção quando as fotos das vítimas ensanguentadas foram exibidas no telão. Na sequência, o procurador Bruno Magalhães explicou as provas que demonstrariam a autoria do crime.
A chacina aconteceu em 28 de janeiro de 2004. Os auditores fiscais Erastótenes de Almeida Gonçalves, João Batista Soares Lage e Nelson José da Silva e o motorista Ailton Oliveira foram mortos a tiros quando faziam fiscalização de rotina na zona rural de Unaí.
A Polícia Federal pediu o indiciamento de nove pessoas por homicídio triplamente qualificado: os irmãos Antério e Norberto Mânica, os empresários Hugo Alves Pimenta, José Alberto de Castro e Francisco Elder Pinheiro, além de Erinaldo de Vasconcelos Silva e Rogério Alan Rocha Rios, apontados como autores do crime, Willian Gomes de Miranda, suposto motorista da dupla de assassinos, e Humberto Ribeiro dos Santos, acusado de ajudar a apagar os registros da passagem dos pistoleiros pela cidade..