Brasília - Mensagens de e-mail investigadas na Operação Zelotes apontam que deputados e senadores deveriam receber parte de dinheiro de propina para negociação da Medida Provisória 471. De acordo com a força-tarefa do caso, a norma criada para estender benefícios fiscais para montadoras de automóveis foi “comprada” por um grupo de lobistas contratado pelas fábricas da MMC Mitsubishi e Caoa Hyundai no Brasil. Os empresários e os operadores negam.
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Juíza da Zelotes diz desconhecer intimação da PF para filho de LulaPF adia depoimento de filho de Lula em inquérito da ZelotesOperação Zelotes: Justiça manda Dilma entregar documentos sobre MPsPF investiga se ex-assessor da Casa Civil intermediou propina para campanhaPaís perde R$ 13,2 bilhões com MPs compradasA MP foi aprovada em 2010. Em 15 de outubro daquele ano, às 16h54, uma pessoa identificada como Raimundo Lira manda um e-mail para a secretária de Marcondes. Para a PF, o verdadeiro cobrador é o ex-suplente de deputado Halysson Carvalho (PMDB-PI), que utilizaria um nome falso. “Peço-lhe que intervenha nos honorários dos quais a MMC vem pagando e a Caoa, não; os deputados e senadores dentre os escritórios e outros os quais não convêm (sic) citar nomes, agora”, disse o cobrador. Ele afirma que Marcondes “alega ter entregado a pessoas do atual governo a quantia de R$ 4 milhões”.
DOSSIÊ Ele estipula um prazo de seis dias para o pagamento de US$ 1,5 milhão. Caso contrário, ameaça distribuir um dossiê a partidos de oposição e à imprensa sobre ilegalidades em benefício das duas montadoras. A secretária de Marcondes encaminha a mensagem para o chefe. De acordo com a PF, a extorsão revela destinatários da propina. “Embora a ameaça possa parecer um pouco fora de contexto, na verdade ela confirma a possível corrupção para aprovação da citada MP 471”, diz relatório da PF. “Os dados constantes delas são verossímeis e não fogem à realidade”, continua. “O próprio valor comentado de R$ 4 milhões que bate com o comentado no “Café: Gilberto Carvalho” (anotação manuscrita apreendida) que integrava o governo do PT (também mencionado), por ser esse o então chefe de gabinete da Presidência.” Na interpretação da mensagem, a polícia narra que o cobrador “pede a intervenção junto ao Mauro Marcondes, para pressionar a Caoa a pagar os honorários devidos aos deputados e senadores e escritórios”.
A Caoa Hyundai disse que mensagens em poder da PF mostram que a empresa “jamais realizou qualquer pagamento” para “interferir” ilegalmente na aprovação da MP. Ela contratou a Marcondes & Mautoni cujo dono é um conhecido consultor do setor. Em 2014, ano em que a Caoa pagou R$ 8,4 milhões ao escritório, Marcondes passou a “a apoiar e aconselhar” a montadora “em diversos assuntos do setor automobilístico”. “A Caoa reitera o seu compromisso com a ética, e repudia qualquer ato de corrupção”, afirma a nota. A MMC Mitsubishi disse que não comentaria o caso. A Casa Civil da Presidência e o PT não prestaram esclarecimentos à reportagem, assim como a defesa de Marcondes..