A reação da Polícia Militar de Minas Gerais à manifestação ocorrida neste sábado, em Belo Horizonte, contra o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB/RJ), será contestada por parlamentares. Integrante da bancada feminina da Câmara, a deputada federal Jô Moraes (PCdoB) acompanhou o casal detido no protesto até a liberação deles na delegacia, na madrugada deste domingo, e afirmou que pedirá uma reunião com o secretário de Defesa Social, Bernardo Santana de Vasconcellos (PR) e com o Comando da PM.
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“Estou propondo que juntemos o Ministério Público, Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/MG) e o Comando da PM com o secretário de Defesa Social para discutirmos quais são as estratégias operacionais aceitáveis para garantia do fluxo da rua. Sempre houve uma pactuação e ontem à tarde foi a maior demonstração de descontrole.
Jô Moraes compareceu ao protesto por trabalhar pela derrubada do Projeto de Lei 5069/13, que retira direitos das mulheres violentadas, restringindo o aborto em caso de gravidez fruto de estupro. Segundo a deputada houve um policial que disse que iria chamar o Batalhão de Choque. “Não acreditei no que vi, foram quatro policiais imensos para pegar uma jovem adolescente despreparada. Temos que entender o que aconteceu”, afirmou. Procurada neste sábado, a assessoria da PM disse que precisaria ter acesso aos vídeos para comentar. Deputados do bloco governista também pedirão uma audiência pública na Assembleia Legislativa para tratar dos direitos de expressão dos movimentos sociais.
Em nota, a PM negou que tenha havido excessos da corporação durante o tumulto entre militares e participantes da manifestação."A ação da Polícia Militar foi legal, necessária, conveniente, proporcional e razoável", diz o texto divulgado pelo comando da instituição. O documento informa ainda que "a PM foi acionada em virtude de danos ao patrimônio. Os manifestantes não deram ciência de que haveria a manifestação, o que constitui violação da Constituição Federal, uma vez que a Polícia Militar não foi avisada e houve interdição do direito de ir e vir da população, com o fechamento da via e interrupção do trânsito na região - dificultando o acesso inclusive aos hospitais.".