A deputada federal Jô Moraes (PCdoB), integrante da bancada feminina, disse estar preocupada com a possibilidade de aprovação do PL 5.069 e, diante disso, já estuda a possibilidade de ingressar com uma ação direta de inconstitucionalidade, caso o texto vire lei. Segundo ela, houve uma estratégia dos “fundamentalistas” de agilizar a aprovação desses projetos e o presidente da Casa tem conseguido maioria em alguns temas.
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Mulheres denunciam nas redes sociais abusos sexuais Mulheres vão às ruas pelo direito de ser livreA legislação que garante à mulher o direito de abortar em caso de estupro é da década de 1940. Pelo que os parlamentares aprovaram, passa a ser exigido o registro de ocorrência policial e exame de corpo de delito para que a mulher estuprada possa fazer aborto.
PUNIÇÃO O projeto também retira a “profilaxia da gravidez” dos procedimentos obrigatórios das vítimas de violência sexual no Sistema Único de Saúde (SUS), o que as mulheres estão entendendo como dificultador para o acesso à pílula do dia seguinte. Na justificativa do texto que apresentou em 2013, que originalmente previa apenas a punição mais rigorosa pela propaganda do aborto, Eduardo Cunha falava em uma tentativa de imposição da legalização do aborto por organizações internacionais. “Trata-se de garantir a máxima efetividade às normas constitucionais, que preceituam a inviolabilidade do direito à vida”, alegou à época.
O foco da polêmica
O Projeto de Lei 5.069, do deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente da Câmara, estipula punição aos profissionais de saúde que indicarem o aborto e torna mais difícil o acesso ao procedimento. A mulher vítima de estupro ficaria obrigada a ir a uma delegacia fazer ocorrência e exame de corpo de delito para poder abortar. O texto cria empecilhos para uso da pílula do dia seguinte e criminaliza o profissional de saúde que orientar a mulher a fazer aborto.