Brasília - O Conselho de Ética da Câmara dos Deputados inicia nesta terça-feira, 3, o trâmite legal do processo por quebra de decoro parlamentar contra o presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Pelas regras, não podem assumir a relatoria do processo deputados do Estado, do partido e do bloco partidário do representado, no caso, Cunha. Ou seja, ficam de fora do sorteio parlamentares do Rio de Janeiro, do PMDB e do bloco do qual a legenda faz parte.
Considerado um dos mais experientes do grupo, o deputado Júlio Delgado (PSB-MG) também não será escolhido por ter participado da disputa pela presidência da Câmara com Cunha, em fevereiro deste ano. Apesar de ser alvo de inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) no âmbito da Operação Lava Jato, Delgado disse ao Broadcast Político, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, que não renunciará à vaga no Conselho de Ética.
Há algumas semanas, havia dúvida sobre qual bloco deveria ser levado em consideração, se aquele formado para a eleição do presidente da Câmara no início deste ano, que inclui o PMDB e mais 12 partidos, seis deles com assento no Conselho de Ética; ou o novo, composto apenas por PMDB e PEN. Araújo anunciou que valerá o bloco atual.
A decisão abre espaço para que deputados aliados e integrantes de partidos próximos a Cunha participem do sorteio, ampliando as chances de um parlamentar pró-Cunha assumir a relatoria. A decisão poupa da restrição nomes de PTB (1), PP (2), PSC (1), PRB (1), DEM (1) e Solidariedade (1).
No colegiado composto por 21 titulares e 21 suplentes, pelo menos seis são de tendência pró-Cunha: Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP), Cacá Leão (PP-BA), Mauro Lopes (PMDB-MG), Ricardo Barros (PP-PR), Washington Reis (PMDB-RJ) e Wladimir Costa (SD-PA). Este último deixará o colegiado alegando problemas de saúde e o presidente da sigla, deputado Paulo Pereira da Silva (SD), pretende fazer a substituição por um outro nome favorável ao peemedebista.
Pelo menos oito são considerados anti-Cunha: Betinho Gomes (PSDB-PE), Júlio Delgado (PSB-MG), Marcos Rogério (PDT-RO), Nelson Marchezan Júnior (PSDB-RS) e Sandro Alex (PPS-PR). Apesar de pessoalmente serem favoráveis à punição de Cunha, os petistas Leo de Brito (AC), Valmir Prascidelli (SP) e Zé Geraldo (PA) devem seguir a orientação da direção nacional do PT.
Entre os que têm posição pessoal indefinida estão Erivelton Santana (PSC-BA), Fausto Pinato (PRB-SP), Paulo Azi (DEM-BA), Vinícius Gurgel (PR-AP) e Wellington Roberto (PR-PB).