Em reunião na Comissão Mista de Orçamento (CMO), o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, se comprometeu a enviar ainda nesta terça-feira, 3, ao colegiado uma tabela com o detalhamento das dívidas e o cronograma de pagamento das "pedaladas fiscais". No encontro de cerca de uma hora e meia, integrantes do colegiado, tanto da base aliada quanto da oposição, exigiram maiores informações do passivo do governo a fim de votar o projeto de lei que altera a meta fiscal de 2015.
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Joaquim Levy tropeça e cai ao sair do TCU Ato de tribunal de contas não deve ser entendido como ameaça a gestores, diz LevyLevy informa ao Congresso que rombo das pedaladas somará R$ 57,013 bi em 2015Wagner e Adams chegam ao Senado para entrega de defesa das contas do governoSenadores apontam risco na defesa de contas antes do prazo finalParecer do TCU pede correção de pedaladasAté o momento, os parlamentares da comissão só têm clareza sobre o déficit de 0,9% do PIB (R$ 51,8 bilhões), já reconhecidos pelo Executivo. Eles pediram de Levy no encontro que detalhe os recursos que podem chegar a até R$ 55 bilhões a mais referente às "pedaladas fiscais", atraso de repasse de verbas para bancos públicos.
"A comissão não aceita votar se não tiver esta tabela", afirmou a presidente da comissão, senadora Rose de Freitas (PMDB-ES), em entrevista na saída do encontro com Levy. "É importante que ele (Levy) mande esta tabela que vai dar subsídio para fechar o relatório todo", avaliou a presidente da comissão.
A presidente da comissão disse que, caso o documento seja repassado, a CMO poderá apreciar já nesta quarta-feira, 4, o projeto de lei que altera a meta fiscal, que tem parecer apresentado desde a semana passada pelo deputado Hugo Leal (PROS-RJ). Parlamentares, contudo, reconhecem que, dada a polêmica, a proposta deve ser apreciada apenas na próxima semana.
Rose de Freitas disse que, no encontro fechado, a pergunta mais feita a Levy foi sobre se o governo concordava com o valor apresentado pelo Tribunal de Contas da União (TCU) para o pagamento das pedaladas fiscais e qual a forma de quitação dos débitos, se à vista ou de forma parcelada.
Um dos integrantes da oposição na CMO, o deputado Domingos Sávio (PSDB-MG) fez coro ao pedido do colegiado. "Nós, da oposição, dizemos que não votamos, ou pelo menos vamos obstruir, se não tiver claro o que seriam esses R$ 55 bilhões", disse o oposicionista.
OCDE
Pouco depois, durante cerimônia de assinatura de um programa de trabalho entre Brasil e a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), Levy destacou a necessidade de uma política fiscal que permita que os juros de longo prazo caiam para incentivar investimentos no Brasil.
Em sua fala, o secretário-geral da OCDE, Angel Gurría disse que Levy e outras autoridades tomaram medidas para o aperto fiscal que são "providências dolorosas", mas necessárias no meio recessivo. "O Brasil vai focar na esfera estrutural, o que significa uma agenda abrangente, que contemple medidas administrativas e estruturais", completou..