Assim como a defesa do cerealista Hugo Pimenta já havia informado mais cedo, durante depoimento ele informou que não tem conhecimento da participação do ex-prefeito de Unaí, Antério Mânica, na chacina. “Já falei que quem mandou matar os fiscais foi Norberto Mânica. Falei isso umas quatro vezes”, disse. Ainda em sua fala, ele admitiu que tem medo de Norberto, condenado na semana passada a 25 anos de prisão para cada assassinato, totalizando 100 anos de pena - tendo já cumprido um ano e quatro meses. O julgamento de Antério como um dos mandantes do crime começou na manhã desta quarta-feira e a previsão é de que termine nesta sexta-feira.
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Justiça ouve testemunhas em julgamento de ex-prefeito acusado da "Chacina de Unaí"Cerealista vai dizer que ex-prefeito não participou da Chacina de UnaíMais um acusado de participar da Chacina de Unaí é julgado em BHHugo Pimenta é condenado a 47 anos de prisão pela Chacina de Unaí Ministro do Trabalho diz que condenação de mandantes da 'Chacina de Unaí' é 'simbólica'Jurados estão na sala secreta para definir julgamento de Antério MânicaProcurador afirma que Antério Mânica é um dos mandantes da Chacina de UnaíTermina interrogatório de Antério Mânica, que afirma "acreditar na Justiça"Antério Mânica disse que seu envolvimento na Chacina de Unaí é "equívoco do MP"Sentença de ex-prefeito acusado de participar da Chacina de Unaí deve sair hojeTermina depoimento de testemunhas de acusação de Antério Mânica na "Chacina de Unaí"Segundo Pimenta, ele conheceu os Mânicas por causa de sua atividade comercial na Uma Cereais, de propriedade dele. Ele revelou ainda que Norberto passava todos os dias na Uma e, que ele nunca escondeu a insatisfação com a fiscalização do Trabalho. Em razão disso, conta, passou a dizer que mataria o Nelson, um dos fiscais. Às vésperas do crime, em mais uma visita, Norberto disse que não aguentava mais o Nelson e perguntou se conhecia alguém para matá-lo. Segundo Hugo, as negociações para a execução duraram dois meses.
Na manhã desta quarta-feira, antes do início do julgamento, o advogado das viúvas das vítimas e assistente de acusação, Antônio Francisco Patente, afirmou que haverá surpresas no julgamento desta quarta-feira. Segundo ele, há provas contundentes do envolvimento de Antério Mânica na Chacina de Unaí. "Existe um caminhão de provas que envolve o Antério na cadeia principal da decisão do crime", afirmou Patente. A previsão é de que durante o dia de hoje sejam ouvidas entre 15 e 20 testemunhas do crime.
Entenda o caso
A Chacina de Unaí aconteceu em 28 de janeiro de 2004 e repercutiu mundialmente.
A Polícia Federal (PF) pediu o indiciamento de nove pessoas por homicídio triplamente qualificado: os fazendeiros e irmãos Antério e Norberto Mânica, os empresários Hugo Alves Pimenta, José Alberto de Castro e Francisco Elder Pinheiro, além de Erinaldo de Vasconcelos Silva e Rogério Alan Rocha Rios, apontados como autores do crime, Willian Gomes de Miranda, suposto motorista da dupla de assassinos, e Humberto Ribeiro dos Santos, acusado de ajudar a apagar os registros da passagem dos pistoleiros pela cidade.
Um dos réus, o empresário Francisco Elder, morreu no último dia 7, aos 77 anos. Apesar do crime ter sido cometido em 2004, os três primeiros responsáveis pela Chacina de Unaí só foram condenados em agosto de 2013. Erinaldo de Vasconcelos Silva recebeu pena de 76 anos e 20 dias por três homicídios triplamente qualificados e por formação de quadrilha, Rogério Alan Rocha Rios a 94 anos de prisão pelos mesmos crimes. .