Brasília - O governo optou nesta quarta-feira, 4, por abrir mão do prazo de 45 dias concedido pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e levar pelas mãos do ministro da Casa Civil, Jaques Wagner, e do advogado-geral da União, Luís Inácio Adams, a defesa prévia das contas de 2014 que foram rejeitadas pelo Tribunal de Contas da União (TCU).
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Rombo nas contas do governo federal vai a R$ 119,9 biGoverno atua para blindar autoridades de novas decisões do TCUTCU mantém Dilma sob pressão com apuração de prejuízos da PetrobrasA entrega do documento voltou a gerar divergências entre os articuladores do governo no Congresso. Enquanto lideranças na Câmara garantem tranquilidade no julgamento que será feito primeiro pela Comissão de Orçamento, no Senado apontam instabilidade na base de apoio ao governo e temem que as contas de 2014 sejam reprovadas novamente.
Na entrega do documento, Wagner mostrou confiança em uma reversão do julgamento do TCU. Afirmou que não seria "nada anormal" se as contas fossem aprovadas pelo Congresso. "O governo está tranquilo quanto à análise técnica e a consequente aprovação das contas", disse o líder do governo na Comissão de Orçamento, Paulo Pimenta (PT-RS).
Como mostrou o jornal O Estado de S. Paulo ontem, senadores apontaram a decisão de entregar a defesa e acelerar o processo de apreciação das contas como "arriscada". A proposta era que se aguardasse, até 17 de novembro, pela próxima sessão do Congresso, em que seria possível ter um termômetro da fidelidade dos deputados na Câmara.
A decisão ainda causou mal-estar com Renan, que se sentiu desautorizado ao ter de ceder às pressões da presidente da Comissão de Orçamento, Rose de Freitas (PMDB-ES), e entregar o processo antes do prazo que ele mesmo havia garantido.
A Comissão de Orçamento é mista e conta com 31 deputados e 10 senadores titulares.
Antes que a proposta siga para votação, o relator Acir Gurgacz (PDT-RO) terá prazo de 40 dias para divulgar seu parecer. Outros 30 dias adicionais são dedicados à sugestão e à apreciação de emendas. A presidente da Comissão, entretanto, está determinada a encurtar ao máximo os prazos. Ontem, Rose disse que parte da votação do TCU foi política. "Uma parte do relatório do TCU foi política. Houve uma votação rápida com o relator, sem nenhuma explicação ou declaração de votos, sem nada", afirmou.
Para a senadora, os ministros do TCU deveriam ter "se debruçado" sobre todos os itens que estavam sendo apreciados e oferecer relatório sobre cada um deles.