Brasília - O publicitário Ramon Hollerbach é o primeiro condenado por envolvimento no mensalão a pedir revisão de pena no Supremo Tribunal Federal (STF). A defesa do empresário protocolou no Supremo o pedido para absolvê-lo das três condenações por peculato, que somam seis anos e dez meses ao todo. Se o pedido for acatado, o ex-sócio de Marcos Valério poderá migrar para o regime semiaberto.
Hollerbach foi condenado a 27 anos, 4 meses e 10 dias de prisão e cumpre pena na Papuda, em Brasília, desde 2013. Entre outros crimes, ele foi considerado culpado por desviar verbas públicas do Banco do Brasil e da Câmara dos Deputados, que define peculato. A defesa tentará provar agora que os recursos foram usados de fato para realização de campanhas publicitárias, e não para irrigar as contas de parlamentares.
O pedido de revisão criminal tem mais de 15 mil páginas e foi dividida em 88 volumes. Nele, foram anexados documentos e notas fiscais garimpadas ao longo dos dois últimos anos e que não apresentados em 2013 porque, segundo o advogado Estêvão Ferreira de Melo, estavam perdidos. "Conseguimos traçar o caminho do dinheiro para mostrar que ele não foi para corrupção", afirma Melo.
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No julgamento de 2013, Hollerbach também foi condenado por corrupção ativa, evasão de divisas e lavagem de dinheiro. A defesa não descarta a possibilidade de recorrer ao Supremo para revisar a pena imposta por esses outros crimes. "Consideramos a sentença injusta. O nosso objetivo é que ele seja absolvido", argumenta Estêvão.
Paraíso fiscal
Em março de 2014, a pena de Hollerbach aumentou após ser condenado a 9 anos e dois meses de prisão por ter enviado ilegalmente para o exterior mais de US$ 628 mil. A operação foi feita por meio da Beacon Hill Service Corporation com o JP Morgan Chase Bank, em Nova York, e de uma offshore constituída em paraíso fiscal para captação de recursos administrados por doleiros.
Na sentença, a juíza Rogéria Maria Castro Debelli, da 4.ª Vara Federal em Belo Horizonte, declarou que os recursos foram provenientes de "uma estrutura organizada para favorecer a chapa composta por Eduardo Azeredo e Clésio Andrade na campanha ao pleito de governador do Estado de Minas em 1998, por meio do desvio de verbas públicas e obtenção de recursos privados, em cuja implementação eram peça-chave a DNA, a SMP&B e seus sócios". .