Jornal Estado de Minas

Procurador afirma que Antério Mânica é um dos mandantes da Chacina de Unaí

O procurador da República Heberth Mesquita afirma que o ex-prefeito de Unaí Antério Mânica está no topo da cadeia criminosa responsável pela chacina que matou quatro pessoas na cidade. Segundo Mesquita, Mânica é o mandante dos assassinatos. O procurador apresentou agora a pouco a acusação no julgamento de Antério, que ocorre nesta quinta-feira.

 

O procurador rasgou a escritura pública em que o delegado José Henrique de Oliveira, delegado aposentado da Polícia Civil, declara que o ex-prefeito é inocente. Mesquita destaca que o delegado não participou diretamente das investigações. Segundo o procurador, Antério está no banco dos réus porque foram colhidos elementos de prova contra ele. Mesquita diz que Antério tinha interesse na morte do fiscal Nelson Silva, porque sofreu cinco autuações do Ministério do Trabalho. Em razão disso, em 2000, ligou para a subdelegacia de Unaí para dizer que os fiscais estava atrapalhando a campanha dele à prefeitura.

De acordo com o MP, o Departamento de Trânsito de Minas Gerais (Detran-MG) levantou que, na época do crime, havia em Unaí apenas um Marea azul, que pertencia a mulher de Antério. O carro estava no Posto Horizonte Mineiro na noite anterior ao crime em reunião com pistoleiros. "Ele (Antério) foi até lá para dar a ordem de matar todo mundo".
O procurador disse que o ex-prefeito fez duas ligações para Formosa, onde foram contratados os pistoleiros no dia 4 de janeiro. "0s telefonemas duraram respectivamente 4 e 17 seg. Ninguém trata de negócios em ligações tão curtas", disse Mesquita.

Entenda o caso

 

A Chacina de Unaí aconteceu em 28 de janeiro de 2004 e repercutiu mundialmente. Os auditores fiscais do Trabalho Erastótenes de Almeida Gonçalves, João Batista Soares Lage e Nelson José da Silva e o motorista Ailton Pereira de Oliveira foram mortos a tiros enquanto faziam uma fiscalização de rotina na zona rural de Unaí.

 

A Polícia Federal (PF) pediu o indiciamento de nove pessoas por homicídio triplamente qualificado: os fazendeiros e irmãos Antério e Norberto Mânica, os empresários Hugo Alves Pimenta, José Alberto de Castro e Francisco Elder Pinheiro, além de Erinaldo de Vasconcelos Silva e Rogério Alan Rocha Rios, apontados como autores do crime, Willian Gomes de Miranda, suposto motorista da dupla de assassinos, e Humberto Ribeiro dos Santos, acusado de ajudar a apagar os registros da passagem dos pistoleiros pela cidade. Um dos réus, o empresário Francisco Elder, morreu no último dia 7, aos 77 anos.

 

Apesar do crime ter sido cometido em 2004, os três primeiros responsáveis pela chacina de Unaí só foram condenados em agosto de 2013. Erinaldo de Vasconcelos Silva recebeu pena de 76 anos e 20 dias por três homicídios triplamente qualificados e por formação de quadrilha, Rogério Alan Rocha Rios a 94 anos de prisão pelos mesmos crimes e William Gomes de Miranda a 56 anos de reclusão por homicídio triplamente qualificado.

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