Jurados estão reunidos na sala secreta na Justiça Federal, em Belo Horizonte, para definir o resultado do julgamento do ex-prefeito de Unaí Antério Mânica, acusado de participar de chacina que matou quatro pessoas. Eles vão responder a quatro séries de perguntas, ou seja, 24 quesitosreferente a cada uma das mortes. Depois da decisão do Conselho de Sentença, o juiz faz a dosimetria da pena em caso de condenação. Se absolvido, o juiz faz apenas o anúncio da decisão.
Antes dos jurados se reunirem, eles escutaram a posição da defesa do ex-prefeito. O advogado Marcelo Leonardo acusa o Ministério Público de retardar o julgamento, que, na sua avaliação, deveria ter ocorrido em 2006. Segundo ele, a defesa pediu quatro vezes o julgamento, mas MP retardou o júri por oito anos. Ele reforçou que a força-tarefa formada pelas polícias Federal e Civil, no relatório final do inquérito não indiciaram Antério Mânica, mesmo sabendo da presença de um carro Marea escuro no posto de gasolina onde houve uma reunião relacionada ao crime no dia anterior às execuções. Marcelo Leonardo rebateu a acusação do MP, que aponta ser do ex-prefeito o carro, dizendo que em Unaí existem pelo menos 68 Mareas, de acordo com a concessionária de veículos. O advogado afirma que as ameaças a Nelson José da Silva, um dos auditores fiscais assassinados, foram feitas por Norberto Mânica, irmão do ex-prefeito e conhecido como o %u201CRei do Feijão%u201D. Segundo Marcelo Leonardo, se Antério quisesse se vangloriar das mortes não teria ligado para subdelegacia do Trabalho e se identificado do telefone de sua casa. "Não existem provas contra o Anterio. O que se tem são mero e frágeis indícios que não geram certezas para a condenação de 100 anos", disse o advogado. Marcelo Leonardo tentou também desqualificar as delações premiadas com base em jurisprudências do Supremo Tribunal Federal (STF). De acordo com ele, criminoso colaborador tem que ter suportar de outras provas. "Colaboração não é meio de prova", disse, citando o ministro Celso de Melo.