Brasília – Os atos marcados para este domingo, em pelo menos 13 cidades, contra o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), são mais um capítulo na escalada de tensão política que tomou conta até mesmo do Salão Verde da Câmara. A troca de insultos, que muitas vezes transformam-se em confrontos físicos, teve início após a reeleição da presidente Dilma Rousseff no ano passado. Permaneceu em alguns encontros de militantes favoráveis e contrários ao impeachment nas ruas das capitais brasileiras. Há 15 dias, integrantes do MST e do Movimento Brasil Livre (MBL) trocaram empurrões e xingamentos no gramado em frente ao Congresso Nacional. Na última semana, parlamentares governistas entraram em confronto com manifestantes algemados, defensores do impeachment, em frente à entrada do plenário da Câmara, fazendo com que a intolerância chegasse ao centro do poder.
No mesmo dia, um manifestante atirou uma “chuva de dólares” na cabeça de Cunha. Irritado, o presidente da Casa baixou uma norma, válida a partir de sexta-feira passada, obrigando servidores e jornalistas a passar por detectores de metais. A medida provocou tantas críticas que foi revogada no mesmo dia. “O que estamos vivenciando é uma fragilidade nas instituições brasileiras. Quando você presencia um cidadão jogando dólares falsos na cabeça do presidente da Câmara, independentemente da motivação, você tem a noção de como nossas instituições estão frágeis”, reclamou o vice-presidente da CPI da Petrobras, deputado Antonio Imbassahy (PSDB-BA).
Para o diretor de Documento do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), Antonio Augusto de Queiroz, a novidade da semana que passou – e que incluiu também um protesto acirrado de integrantes do Levante Popular da Juventude em frente à residência oficial de Cunha, na península dos ministros – é que a presidente Dilma deixou de ser o único alvo das manifestações de rua. “Enquanto só havia pessoas criticando o PT e a Dilma, Cunha deixava o livre trânsito no Congresso. Agora que ele também virou alvo, resolveu restringir o acesso ao Parlamento”, disse Toninho do Diap.
As manifestações previstas para hoje devem manter o tom crítico. O coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto, Guilherme Boulos, afirmou que os atos serão marcados pela presença de bonecos de Cunha . “As ações nos estados vão ter caráter de escrachos. Vai ter boneco do Cunha que vai ser queimado, bem como de figuras que representam as políticas que estão sendo enfrentadas”, disse Boulos.