Brasília – Diante da batalha que se aproxima no Conselho de Ética da Câmara, o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), acusado de ocultar aproximadamente US$ 5 milhões em propina em contas secretas na Suíça, reagrupa sua tropa de choque para tentar evitar a cassação do mandato. Mesmo diante de várias evidências sobre a movimentação milionária no exterior, com direito a extratos bancários e documentos em que são visíveis o passaporte e a assinatura do peemedebista, aliados fiéis prometem, nos bastidores, lutar até o fim para mantê-lo no cargo. Na linha de frente, estão os dois cães de guarda: Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força (SD-SP), e André Moura (PSC-SE). Completam o time dos principais articuladores em favor do peemedebista, entre outros, os deputados Hugo Motta (PMDB-PB), que presidiu a CPI da Petrobras, Vinícius Gurgel (PR-AP), Artur Lyra (PP-AL), Washington Reis (PMDB-RJ) e Hildo Rocha (PMDB-MA).
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Outro importante aliado do peemedebista é Hugo Motta. No comando da CPI, ele foi acusado de blindar o presidente da Casa, protelando pautar requerimentos de convocação de pessoas que pudessem comprometer o seu padrinho político na Casa, a exemplo do lobista Fernando Soares, mais conhecido como Fernando Baiano.
Agora, a principal missão do grupo é arregimentar a maior quantidade de votos no Conselho de Ética.
Justiça
Alguns dos aliados que integram o colegiado estão encrencados na Justiça. O deputado Washigton Reis, ex-prefeito de Duque de Caxias, tem seis processos e uma batida da Polícia Federal no histórico. Segundo depoimento do lobista Fernando Baiano Soares, foi o próprio Eduardo Cunha quem o apresentou ao operador que fechou delação premiada na Operação Lava-Jato.
Vinícius Gurgel (PR-AP) é alvo de três investigações por problemas eleitorais.Ele é muito próximo a Cunha. Foi coordenador da campanha do parlamentar fluminense à presidência da Câmara, em fevereiro. O deputado Wladimir Costa (SD-PA) e seu irmão Wlaudecir Costa respondem a ação penal por peculato ou desvio de dinheiro. Todos alegam inocência.
Durante a semana, Cunha chegou a comentar sobre sua expectativa em relação ao processo. “Tem muitos aliados meus e muitos adversários meus que estão (no Conselho). Ninguém pode ser estigmatizado por ser meu aliado, nem condenado por ser meu adversário”, defendeu. (Colaboraram Paulo de Tarso Lyra e Eduardo Militão)
Prazos
O julgamento de Cunha no Conselho de Ética vai ficar mesmo para 2016. Isso porque o colegiado tem 90 dias – a contar da instauração do processo, em 3 de novembro – para investigar o caso. Acontece que a Câmara entra em recesso em 22 de dezembro e só volta aos trabalhos em 2 de fevereiro. Escolhido como relator na última quinta-feira, Fausto Pinato passou a ter 10 dias úteis para dar um parecer preliminar do caso. Não se avalia agora o conteúdo do caso, mas sua admissibilidade técnica. A expectativa é que esse parecer preliminar seja colocado em votação na reunião marcada para 24 de novembro.